Petrobras desistiu de fazer a oferta pública inicial (IPO) da BR Distribuidora neste momento. A decisão foi tomada às vésperas da data marcada para protocolar o prospecto da operação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A informação foi confirmada por três fontes ao Valor. A desistência da Petrobras de abrir o capital da BR Distribuidora neste momento não tira da mesa a possibilidade de se buscar um investidor estratégico para o negócio, conforme o Valor apurou. Segundo uma fonte próxima, a piora das condições de mercado foi a principal razão para o cancelamento da oferta pública inicial de ações da distribuidora de combustíveis.

Mas também existe o entendimento de que um investidor estratégico daria menos peso para as incertezas de curto prazo na hora de definir o preço para as ações da BR. Já outra fonte pondera que a medida é resultado de uma combinação de mercado ruim e pressão interna. Aparentemente existem vozes contrárias à venda de ativos e que estariam pressionando contra o IPO, principalmente agora, alegando que o preço nesse mercado seria baixo.

As fontes ouvidas pelo Valor afirmaram que a empresa ainda está avaliando quando deve retomar o processo. Não há data prevista. Segundo uma das fontes, nenhuma “due dilligence” tinha sido feita na BR Distribuidora.

A decisão de suspender o processo por prazo indeterminado foi tomada após o presidente do conselho de administração da Petrobras, Murilo Ferreira, se manifestar contrário à venda antes de uma reestruturação na distribuidora de combustíveis. Ferreira fez sua manifestação na reunião do conselho realizada em 6 de agosto.

Na ata dessa reunião, divulgada pela estatal, Ferreira sugeriu que antes da venda fosse feita a contratação de um executivo no mercado que seja especializado em varejo, o que está a cargo da Korn Ferry. O atual presidente, José Lima de Andrade Neto, está de férias.

Posteriormente, o ex­presidente do Banco Central e hoje sócio do Gávea Investimentos, Armínio Fraga, e o ex-presidente da CVM, Marcelo Trindade, criticaram a venda de apenas uma participação minoritária em um momento ruim. Ambos defendem que a Petrobras venda o controle da BR para capturar maior valor. Se não existe dúvida quanto à necessidade de se atrair sócios e fazer dinheiro com venda de participação na BR, disse uma fonte, há ao menos duas correntes dentro do comando da Petrobras para definir o momento e as etapas da operação.

Alguns acreditam que é melhor tornar a BR uma empresa de capital aberto logo, e que esse processo por si só deve contribuir para tornar sua governança mais profissional. Ainda que a pressa possa penalizar a avaliação de mercado da empresa no primeiro momento, numa etapa posterior uma segunda parcela do capital poderia ser vendida por um múltiplo de mercado maior.

Outro grupo defende que é preciso melhorar a gestão e governança da BR Distribuidora primeiro, para só então começar a vender as ações, mais caras, a novos investidores ­ sejam eles estratégicos ou de forma pulverizada na bolsa. Os funcionários da Petrobras interessados em participar da seleção para a presidência da BR poderiam se candidatar até sexta­feira passada. Procurada, a Petrobras não respondeu ao pedido de esclarecimentos até o fechamento desta edição. Fonte: VALOR ECONÔMICO Leia mais em sindicombustiveis 01/09/2015