No começo de 2018, a empresa de pagamentos PagSeguro resolveu estrear na bolsa. A escolha, no entanto, não foi a B3, mas sim a Nyse, a Bolsa de Ações de Nova York. Na época, argumentava-se que nos Estados Unidos havia mais espaço para fintechs — empresas que prestam serviços financeiros – fin, de forma tecnológica – tech. A avaliação da empresa seria maior (ou seja, melhor para os acionistas originais), o potencial de valorização das ações seria majorado pelo acesso a mais investidores internacionais, e a liquidez das ações também seria superior à do mercado brasileiro.

Desde então, outras 11 companhias brasileiras dos mais variados setores também optaram por abrir capital por meio de uma oferta pública inicial (IPO) de ações nos Estados Unidos. E a realidade até agora é que, se pode ter sido um bom negócio para os donos das empresas terem buscado Nova York para listar suas ações, do ponto de vista dos investidores que compram os papéis não houve grande vantagem.

Das 12 empresas brasileiras que abriram capital nos EUA desde 2018, apenas três têm valorização positiva de suas ações desde sua estreia, segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica. Não é um resultado muito melhor que os dos IPOs brasileiros nesse período. Segundo um levantamento do Valor Data, das 79 empresas que fizeram IPO desde 2018 no Brasil, apenas 27 acumulam alta desde sua estreia até o dia 4 de fevereiro.

A liquidez das ações lá fora tampouco é superior à mediana observada aqui na B3, conforme comparação feita com base em dados da Economatica e da bolsa local.

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A empresa do setor de educação Arco Platform estrou na bolsa norte-americana em setembro de 2018 e registra uma valorização de 12,86% em suas ações até o dia 4 de fevereiro. A XP, que fez o IPO em dezembro de 2019, acumula ganhos de 18,81%. Já a gestora de ativos Patria Investments, que fez o IPO em janeiro de 2021, registra alta de 4,27% no mesmo intervalo. (ver tabela acima)

Quem mais perdeu desde o IPO internacional foi a empresa de educação Vasta, que estreou em julho de 2020 e desde então viu suas ações derreterem 72%. A Zenvia, que presta serviços de comunicação entre empresas e clientes, estreou em julho de 2021 e já perdeu 56,50% até então. Já a plataforma de e-commerces Vtex estreou no mesmo mês e perdeu 62,47%

A empresa de meios de pagamentos Stone estreou em outubro de 2018 e perdeu 44,13% desde então. Sua concorrente, a Pag Seguro, estreou em janeiro de 2018 e acumula perda de 16,79%. A companhia de gestão de recursos Vinci Partners estreou em janeiro do ano passado e já perdeu 26,92%.

O grupo de educação Afya fez seu IPO em julho de 2019 e de lá pra cá suas ações caíram 26,47%. A companhia de ensino à distância Vitru estreou em setembro de 2020 e acumula queda de 7,50%.

O “caçula” dos IPOs nos EUA é o Nubank, que estreou em dezembro de 2021, mas já tem perdas de 18,22%….leia mais em Valor Investe 08/02/2022