Os IPOs “cheque em branco” arrecadaram US$ 83 bilhões em 2020. E, neste ano, esse montante já foi superado antes do fim de março: já são US$ 100 bilhões

A mais recente obsessão de Wall Street é o “cheque em branco”. Funciona mais ou menos assim: uma empresa de “fachada” abre o capital na Bolsa, levanta muitos milhões (às vezes bilhões) de dólares com uma oferta pública inicial e só então vai às compras de uma companhia.

É um resumo grosseiro, mas que serve muito bem para descrever o fenômeno das SPACs.

SPAC é a sigla para special purpose acquisition company, ou “veículo com propósito específico de aquisição”.

SPACs são companhias que não têm um negócio, mas querem usar os recursos captados no IPO para comprar um. A ideia é acelerar a entrada na Bolsa de negócios privados.

Primeiro, forma-se um SPAC, que é estruturado como uma companhia, mas na realidade funciona quase como um fundo.

Depois de feita a oferta pública, a companhia decide adquirir um negócio de verdade que esteja interessado em ir à Bolsa. Depois de aprovada a aquisição pelos acionistas, voilà: a companhia comprada está automaticamente listada.

Os criadores do SPAC (os “acionistas” do fundo) ficam com uma parcela dos papéis e, em alguns casos, um assento no conselho de administração. O dinheiro levantado no IPO pode ser usado pela companhia.

Duas décadas de história

O mecanismo básico das SPACs já existe há quase 20 anos, mas até o ano passado era utilizado basicamente por empresas que queriam estar na bolsa, mas não conseguiam atrair o interesse dos grandes bancos de investimento – essenciais para subscrever e apoiar a oferta.

Com as taxas de juros baixas no mundo inteiro e um apetite enorme por mais ativos públicos, as SPACs explodiram na bolsa americana.

Os IPOs “cheque em branco” arrecadaram US$ 83 bilhões em 2020. E, neste ano, esse montante já foi superado antes do fim de março. Segundo a SPAC Research, empresa que compila dados desse tipo de oferta, os IPOs de SPACs já levantaram mais de US$ 100 bilhões em 2021.

Essa nova modalidade de estreia na Bolsa atrai interesse de investidores tradicionais e também de celebridades: a tenista Serena Williams e o ex-jogador da NBA Shaquille O’Neal são dois nomes já associados a SPACs.

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SPACs no Brasil e no mundo

O interesse pelas SPACs está se espalhando pelo mundo, mas a imensa maioria das listagens ainda acontece nas bolsas americanas. Segundo a agência Reuters, houve apenas 10 ofertas iniciais de SPACs na Europa entre o ano passado e este.

Mas muitos investidores estrangeiros usam esse veículo para levantar recursos e fazer compras em casa.

No Brasil, ainda não existe uma regulamentação para SPACs, mas três empresas brasileiras – Alpha Acquisition Corp e Itiquira Acquisition Corp. – já levantaram recursos nos Estados Unidos neste ano.

Ambas são comandadas por executivos com experiência no setor de tecnologia, o que sugere que o objetivo seja aproveitar-se das muitas oportunidades de consolidação no setor de tecnologia do país.

Uma terceira empresa “cheque em branco”, a Patria Acquisition Co., registrou o prospecto de seu IPO na Nasdaq em meados de março. O plano é levantar US$ 250 milhões… Leia mais em infomoney 01/05/2021

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