Nos últimos anos, diversas empresas, que começaram com poucos recursos, receberam injeções milionárias de investidores apostando nas ideias. Existem hoje 3.500 iniciantes no país e valores bem altos em investimentos

De 2009 para cá, a empresa VivaReal, que possui site de anúncio de imóveis, foi de uma sala de 4 metros quadrados para um prédio de 11 andares que abriga a maior parte de seus 380 funcionários.

Nesse período foram quatro injeções de dinheiro vindas de fundos de capital de risco, totalizando cerca de US$ 60 milhões (R$ 190 milhões) de investidores apostando na empresa criada pelo americano Brian Requarth.

E, mesmo com a freada da economia brasileira, ela não é um caso único de empresa que começou com poucos recursos e obteve cifras de nove dígitos como essas. Há ao menos seis casos de companhias que, até pouco tempo, podiam ser chamadas de start-ups e que alcançaram esse patamar desde 2014.

Para que ele seja atingido, é preciso que a empresa tenha um modelo de negócios que combine inovação e mercado disposto a pagar pelos serviços com potencial de crescimento, diz Clovis Benoni, vice-presidente da Associação de Gestores de Fundos de Investimento (ABVCAP).

Mas estar com o caixa cheio de dinheiro para investir não é sinônimo de lucro. Paulo Veras, fundador e presidente da 99táxis (aplicativo para chamada de táxis), conta que uma das discussões recorrentes na companhia é se chegou a hora de deixar as contas no azul ou se deve investir mais para ter uma fatia maior do mercado.

“Tínhamos planos de parar de crescer e chegar ao ponto de equilíbrio [despesas e receitas iguais] neste ano, mas mudamos. Já conseguiríamos hoje, mas decidimos adiar e crescer mais rápido.”
Os R$ 130 milhões que a empresa recebeu do fundo americano Tiger Global serão usados para campanhas de marketing e ampliação da equipe de desenvolvedores.

Ter dinheiro novo na empresa também pode ser uma forma de espantar novatos na disputa, diz Requarth. “Antes éramos a empresa da qual não se esperava que um dia seria uma potência. Agora, decidimos comunicar ao mercado que estamos capitalizados para que empresas de fora do Brasil não venham aqui concorrer, pois terão de gastar muito.”

Seleção apertada

A corrida para ter uma start-up de R$ 100 milhões é das mais competitivas. De acordo com Andre Diamand, presidente da Associação Brasileira de Startups, há hoje ao menos 3.500 empresas iniciantes no país.

Ele diz que há investidores dispostos a fazer mais injeções de valores altos, porém ainda são poucos os projetos que atingem maturidade suficiente para interessá-los.

Mesmo assim, Diamand diz ver o cenário com otimismo. Segundo ele, o ambiente para empreendedorismo tecnológico começou a tomar corpo há cinco anos e ter história de empresas em crescimento é um bom resultado. FOLHAPRESS  – Leia mais em otempo 06/06/2015