As empresas de capital de risco da Ásia estão começando a fazer frente às da América do Norte, lar do Vale do Silício e lugar onde o modelo moderno de capital de risco nasceu.

Os investimentos na China e na Índia, onde a maioria das grandes transações está ocorrendo, mais que triplicaram durante o terceiro trimestre, para US$ 16,9 bilhões, pouco menos que os US$ 17,5 bilhões investidos na América do Norte até o dia 1º de outubro, de acordo com a Preqin Ltd., empresa de consultoria com sede em Londres. O valor não inclui as transações de risco em países como o Japão, o que significa que o total da Ásia é maior. Nove dos dez maiores investimentos de risco foram feitos na região, incluindo outras rodadas de financiamento do serviço chinês de transporte solicitado Didi Kuaidi, que totalizou US$ 3 bilhões.

O dinheiro que está fluindo para Pequim e Bangalore demonstra que está crescendo a concorrência para o Vale do Silício, que vinha dominando o setor de tecnologia com empresas como Fairchild Semiconductor International Inc., Hewlett-Packard Co., Apple Inc., Google Inc. e Facebook Inc. A maior abertura de capital já realizada foi a da chinesa Alibaba Group Holding Ltd., no ano passado. Os investidores de risco em busca de sucessos semelhantes levaram o número de transações na China neste ano para 1.016, mais que o total de 2014 inteiro.

“Estou muito otimista quanto às oportunidades a longo prazo”, disse Kai-Fu Lee, fundador da empresa de investimento inicial Innovation Works em Pequim. “As oportunidades foram impulsionadas pelo aumento de usuários de tecnologias móveis e pela propagação dos serviços móveis de pagamento, que ajudam tanto empresas como consumidores”.

O total de investimento de capital de risco na China e na Índia nos nove primeiros meses do ano foi de US$ 36,2 bilhões, em comparação com os US$ 19,9 bilhões somados em todo o ano passado. A China foi responsável por US$ 28,6 bilhões do financiamento, e a Índia, pelo restante. Os investimentos de risco na América do Norte totalizaram US$ 53,5 bilhões durante os três primeiros trimestres.

China

A companhia chinesa de entrega de alimentos ele.me captou US$ 630 milhões, com financiamento de investidores como a Sequoia Capital e a Gopher Asset Management. A Didi Kuaidi atraiu fundos da SoftBank Group Corp., da Ping An Insurance (Group) Co. e da China Investment Corp., disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Isso está ocorrendo apesar da montanha de números sombrios vindos da China. Prevê-se que a economia do país crescerá neste ano ao ritmo mais lento em 25 anos, e o mercado acionário chinês perdeu US$ 5 trilhões em valor desde o pico registrado no dia 12 de junho.

“O capital de risco tem um horizonte de investimento bastante amplo, então, por definição, ele não está vinculado aos mercados públicos”, disse Ee Fai Kam, gerente da Preqin, em mensagem enviada por e-mail. “Portanto, o crescimento do apetite e do número de oportunidades nos últimos anos não foi muito afetado pela turbulência recente”.

Índia

A Índia também teve um crescimento forte. Empresas no país já captaram US$ 13 bilhões no que vai do ano, quase a mesma quantidade que em todo o ano passado. A Flipkart, um player do comércio eletrônico semelhante à Alibaba, recebeu mais de US$ 2 bilhões desde julho de 2014 de investidores como a Tiger Global Management e a Accel Partners.

Quanto às empresas de capital de risco que estão atraindo dinheiro dos investidores, mais dinheiro está sendo captado para a Ásia, porém a um ritmo mais lento que no ano passado. Os fundos dedicados à China obtiveram US$ 1,6 bilhão até o momento do ano, em comparação com o ritmo do ano passado, quando US$ 6,8 bilhões foram captados para o mercado, de acordo com dados da Preqin.

“O Vale do Silício continua sendo líder mundial em inovação”, disse Lee. “A China ainda precisa provar que pode criar a próxima Google. Mas estou otimista”. Shai Oster (Bloomberg) – Leia mais em Bol.Uol 19/10/2015