A Treecorp assinou há pouco a compra de 90% do clube paranaense Coritiba, marcando o primeiro investimento de um fundo de private equity brasileiro em SAF, o modelo de privatização dos times de futebol.

O fundo vai investir R$ 550 milhões nos próximos 10 anos, sendo R$ 100 milhões para a construção de um centro de treinamento e R$ 450 milhões de investimento no time. Há possibilidade adicional de R$ 500 milhões em reforma de estádio, e a Treecop vai pagar a dívida da associação, que soma R$ 250 milhões. Por essa conta é que envolvidos na operação dão ao clube um enterprise value de R$ 1,3 bilhão.

Ficamos intrigados quando vimos dois fundos americanos comprando dois clubes cariocas e nos aprofundamos nesse tema. Nos mercados desenvolvidos, há muitos fundos dedicados ao esporte, as receitas são crescentes, e é uma das únicas coisas que as pessoas ainda fazem questão de ver ao vivo na era digital”, disse Bruno D’Ancona, o sócio da Treecorp à frente da transação, ao Pipeline. “Quando olhamos para o mercado brasileiro, já é o maior fornecedor mundial de talento e pode ter uma reprecificação relevante com a criação da Liga”.

Treecorp compra Coritiba na primeira transação de um private equity brasileiro no futebol

Na prática, a equação financeira estimada pode mudar, uma vez que o fundo pode conseguir quitar a dívida com a melhora de desempenho a partir da injeção de caixa inicial, por exemplo. D’Ancona diz que a associação já tinha feito um trabalho de reestruturação, com alongamento da dívida. “Esse não é um deal de special situations”, afirma.

O acordo acontece já no processo de recuperação judicial do Coritiba, diferentemente de transações como Cruzeiro ou Botafogo, que fecharam primeiro a SAF para depois entrar com a associação em RJ. No modelo conhecido como stalking horse, a Treecorp superou proposta de investidor americano e um investidor europeu.

É um novo período de SAFs no Brasil, onde o M&A não era emergencial e sim um projeto para transformação de longo prazo do clube”, diz Guilherme Ávila, head de SME (Sports, Music and Entertainment) da XP Investimentos, que assessorou o Coritiba na transação.

A Treecorp está criando um veículo específico para a aquisição, e vai trazer coinvestidores no negócio, incluindo institucionais de tecnologia e estrangeiros. O Coritiba perdeu fôlego em comparação ao rival Athletico Paranaense nos últimos anos, que tem tamanho semelhante de torcida, mas fatura três vezes mais…. leia mais em Pipeline 09/05/2023