Marketplace de passagens de ônibus, a ClickBus quer embarcar na jornada para a bolsa de valores. A companhia traçou um plano para abrir o capital em 2025, numa aposta que o mercado de viagens rodoviárias ainda tem espaço para se digitalizar e garantir o crescimento que pode atrair investidores.

Fundada há 10 anos, a companhia considera que operacionalmente já está em melhor forma do que algumas das empresas de tecnologia que fizeram IPO há dois anos. Ainda assim, quer ter cautela para não queimar a largada e ver como anda o apetite para novas histórias nas estreias que virão com a queda dos juros.

Em um processo de IPO, há fatores que não se controlam, como o apetite do mercado. Neste ano e em 2024, a ideia é namorar e estudar o mercado. Mas enxergamos espaço para ser a primeira traveltech na B3″, diz Phillip Klien, CEO da ClickBus.

A rota da ClickBus para a bolsa

Klien está há dois anos e meio na empresa, controlada pelo fundo alemão Rocket e pela J3 Logística, incorporada em 2015. Um IPO daria saída parcial ao fundo. O CEO não abre a receita e resultado líquido, mas afirma que a empresa atingiu o breakeven em 2021 e opera há dois anos seguidos com Ebitda positivo de dois dígitos.

O marketplace, que trabalha com 95% das 204 operadoras de ônibus reguladas, vende cerca de 1,1 milhão de passagens por mês e teve um GMV de R$ 1,5 bilhão no ano passado.

A companhia está executando um ciclo de investimento iniciado há dois anos. Na soma do que foi investido de 2021 para cá e o que está previsto até o fim deste ano, o montante chega a R$ 210 milhões. Os recursos, focados em evoluções tecnológicas na plataforma, foram também responsáveis por dobrar a equipe, hoje com cerca de 250 pessoas. “Queremos aproveitar os benefícios desses investimentos para acelerar e depois ir a mercado com uma ambição maior”, afirma o CEO.

Uma das apostas da ClickBus é em marketing, incluindo campanha na TV. A empresa está investindo R$ 15 milhões em um rebranding para conseguir chegar ao público que ainda vai às rodoviárias para comprar as passagens. “Hoje, nosso principal concorrente é o offline, onde estão dois terços dos compradores de passagens de ônibus”, diz o CEO. “Queremos levar esse público para o online.”

Nesse processo, a principal inspiração para a ClickBus é o Airbnb. Assim como a empresa americana, a companhia quer se tornar sinônimo da categoria. “Queremos entrar na jornada do cliente como um todo, trazendo oportunidades únicas de viagens, dando a possibilidade para mudar destino, incluir passageiros, perguntar como foi a viagem, buscar relacionamento”, diz o executivo.

Não é uma tarefa simples, já que o próprio benchmark vem passando aperto mesmo tendo quebrado um paradigma em hospedagem – em entrevista recente à Bloomberg, o CEO do Airbnb, Brian Chesky, disse que a empresa cresceu muito além do que seu desenho inicial e agora a “fundação está fundamentalmente comprometida”, exigindo um trabalho para colocar a casa em ordem. (Pode ser que, até o roadshow, a ClickBus tenha que buscar outro referencial).

Além disso, a ClickBus tem que garantir market share, já que a venda online de viagens rodoviárias conta com outros players, como a antiga Guichê Virtual, rebatizada de Buson, a Buser, de viagens fretadas sob demanda, e a alemã FlixBus, que chegou recentemente ao Brasil com agressividade em preço.

Depois da fusão com a J3 Logística, a ClickBus passou a atuar também no segmento corporativo. Além de oferecer plataformas white label para empresas de viação venderem suas passagens diretamente, a companhia faz antecipação de recursos às operadoras – já que 56% dos passageiros compram os bilhetes ao longo das 24 horas que entesem o embarque… leia mais em Pipeline 05/10/2023