Gerenciar riscos financeiros, considerando aspectos de mercado, crédito e liquidez, é atualmente um dos principais desafios das instituições. Especialmente quando há relações baseadas na confiança entre os envolvidos e em como a comunicação sobre o assunto é executada. Além disso, considerando o cenário de volatilidade da taxa de juros e a alta global dos preços com inflação, a situação é ainda mais crítica. Essa é a avaliação da KPMG, conduzida a partir de dados do mercado brasileiro. A análise é, também, que, de forma prática, este cenário demanda monitoramento dinâmico sobre como parte das decisões diárias são tomadas, considerando que as instituições precisam honrar compromissos, folha de pagamento e custos operacionais, entre outros, independente da performance.

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O primeiro trimestre deste ano trouxe alguns casos relacionados a cenários de estresse em riscos de mercado. Considerando a atual velocidade da comunicação, turbinada por redes sociais, com novos modelos de trabalho e de confiança, a situação é ainda mais sensível, obrigando o mercado a precisar de caixa em frequência compatível com o cenário atual. Eventos críticos como bolhas, corridas bancárias, crises de confiança e conflitos internacionais, são cíclicos e imprevisíveis. Embora não seja fácil entender o que temos de diferente agora, comparando com outros períodos de cenários extremos, o exercício das instituições e seus executivos deve estar em blindar essa situação para prosperar nos negócios”, afirma Rodrigo Bauce, sócio da área de Gestão de Riscos Financeiros da KPMG no Brasil.

Além disso, na perspectiva das instituições financeiras, liberar caixa implica materializar recursos para disponibilidade pública de forma segura e rápida, sendo uma das mais importantes missões em gestão de risco de liquidez a capacidade de honrar compromissos em uma determinada linha de tempo. Sendo assim, segundo a KPMG, gerenciar essa expectativa demanda um planejamento inicial na gestão entre ativos e passivos (ALM) ou hedge (proteção com utilização de derivativos). Se uma instituição financeira não tiver um plano de geração de liquidez, problemas maiores ocorrerão.

Considerando que o Brasil lidera no mundo o ranking de taxa de juros atuais, descontada a inflação, em aproximadamente 8% a.a., projetada para os próximos 12 meses, é natural existir uma preocupação local. Dados disponibilizados pelo Banco Central do Brasil revelam que o volume de crédito para o segmento empresarial chegou a R$ 2,1 trilhões em fevereiro deste ano, enquanto para o segmento de pessoas físicas houve incremento mensal de 0,4%, somando R$ 3,2 trilhões. De acordo com o Sistema Financeiro Nacional (SFN), na comparação interanual, o volume do crédito total cresceu 12,6% em fevereiro. Já as concessões nominais de crédito somaram R$ 421,9 bilhões no mesmo mês, alta interanual de 17% em fevereiro, com expansão de 14,9% nas contratações com pessoas jurídicas e 18,9% com pessoas físicas.

Temos um choque em risco de mercado, com alta de taxa de juros e inflação, que faz o mercado reforçar o caixa por segurança. As instituições financeiras, então, são demandadas a colocar o plano de gerenciamento de risco de liquidez em ação. Falhando neste processo, há o risco de crédito com eventual atraso, não pagamento ou quebra. Além disso, a velocidade da comunicação, e como informações negativas se espalham, precisa ser monitorada. Por um lado, temos a responsabilidade da gestão de riscos financeiros das instituições com planejamento, desenvolvimento de políticas e modelos sólidos. Do outro, a maturidade dos usuários em um mercado onde a confiança vale ouro”, complementa Rodrigo Bauce.

A KPMG é uma rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory.

Com informações da Viveiros 19/04/2023