Com aportes em queda, startups têm no ‘mini IPO tokenizado’ uma alternativa para levantar capital
Um levantamento da consultoria global KPMG, obtido em primeira mão por Época Negócios, mostra que o capital de risco nos países da América recuou 11% no primeiro trimestre deste ano. Entre outubro e dezembro do ano passado, foram realizados 3,8 mil aportes em startups, que somaram US$ 43 bilhões, contra 3,2 mil rodadas mapeadas nos três primeiros meses de 2024, totalizando US$ 38 bilhões.
Esse é um resultado que tem sido frequente nos relatórios que monitoram o capital de risco desde 2022, quando a queda começou a ser registrada em todo o mundo. O dinheiro que estava fácil passou a ser escasso, e as startups que tinham planos de levantar caixa passaram a ter que buscar novas formas para financiar o crescimento.
“Os dados indicam a continuidade do momento desafiador do segmento de Venture Capital, tanto em relação ao volume e quantidade de transações quanto na captação de novos fundos pelas gestoras”, diz Daniel Malandrin, sócio da divisão de VC da KPMG. “Também mostra que os empreendedores estão buscando formas alternativas de financiar suas atividades”, prossegue.
No Brasil, uma dessas alternativas tem sido o chamado “mini-IPO”, em que as startups fazem uma oferta pública de ações nos moldes do que acontece na B3, mas com uma porcentagem do negócio menor. Isso tem crescido de tal maneira que se tornou modelo de negócios de diversas empresas, caso da corretora de criptomoedas Mercado Bitcoin, que criou a vertical MB Startups para lidar com essas listagens.
Conforme destaca Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, já foram 17 operações deste modelo desde o lançamento da vertical, em junho de 2023. Além de atuar como uma bolsa para ofertas públicas, a exchange tem reunido investidores institucionais e familly offices para investimentos de maneira privada.
“Percebemos a oportunidade de organizar esse mercado também, então passamos a oferecer nossa plataforma e nossa carteira para criar essa bolsa de startups de forma pública e privada”, diz. “Atingimos o empreendedor, que dá início a toda a história; o investidor que já está acostumado a investir nesse setor de forma desorganizada; e aqueles que ainda não conhecem esse segmento, podendo educar o usuário sobre oportunidades de diversificar seu portfólio”, comenta.
Essa ferramenta tem sido frequente também para empresas de outros setores, que não sejam necessariamente de tecnologia. Entre as operações feitas pela BEE4, outra plataforma de ofertas públicas, destaca-se a da rede de clínicas Engravida, que oferece tratamento para reprodução humana.
As principais diferenças entre essas ofertas e as feitas na bolsa de valores são: tamanho do capital levantado, a quantidade de ações em jogo e o custo da operação. Segundo regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o valor máximo de captação não pode superar R$ 15 milhões e a candidata em questão tem de ter auferido receita bruta anual máxima de R$ 10 milhões no ano anterior à oferta. Além disso, usa-se tecnologia de blockchain e de tokenização para dar mais celeridade ao processo e baratear os custos. leia mais em Época Negócios 22/05/2024