O cenário da economia global para os próximos anos é preocupante, e o crescimento mundial na última meia década caminha para ser o pior em 30 anos, segundo o relatório “Prospectos da Economia Global”, elaborado pelo Banco Mundial e divulgado hoje.

A entidade diz que o desempenho econômico para os próximos dois anos ainda serão reflexo de um aperto na política monetária em todo o mundo, de condições de crédito restritas e de uma queda nos investimentos.

Com o cenário negativo, o Banco Mundial estima que o crescimento da economia mundial deve diminuir pelo terceiro ano consecutivo em 2024, com uma alta de 2,4%, ante crescimento de 2,6% no ano passado. A entidade estima que o crescimento só voltará a acelerar em 2025, quando prevê alta de 2,7%.

O relatório diz que o mundo ainda não conseguiu se recuperar totalmente da pandemia e que até ao final de 2024, uma em cada quatro pessoas que vivem em países emergentes e em cerca de 40% dos países mais pobres do mundo, o patamar econômico não vai ter voltado aos níveis de 2019, último ano antes da pandemia.

Desempenho da economia global entre 2020 e 2024 será o pior em 30 anos

“Sem uma grande correção de rumo, a década de 2020 será considerada uma década de oportunidades desperdiçadas. O crescimento a curto prazo permanecerá fraco, deixando muitos países em desenvolvimento – especialmente os mais pobres – presos em uma armadilha: com níveis paralisantes de dívida e acesso restrito a alimentos para quase uma em cada três pessoas”, disse Indermit Gill, Economista-Chefe e Vice-Presidente Sênior do Banco Mundial.

Apesar das previsões negativas, o Banco Mundial ressalta que as economias globais superaram os últimos anos com uma resiliência inesperada, já que o aumento das taxas de juros provocados pela alta generalizada da inflação não teve os impactos costumeiros no mercado de trabalho, que continuam aquecidos mesmo com uma política fiscal cada vez mais rígida.

Mesmo com o controle da inflação, a década de 2020 não deverá cumprir com aquilo que era esperado pelo Banco Mundial. “O final de 2024 marcará o meio do caminho do que se esperava que fosse uma década transformadora de desenvolvimento […] em vez disso, o que se aproxima é um marco miserável: o desempenho de crescimento global mais fraco de qualquer meia década desde a década de 1990, com uma em cada quatro pessoas de economias em desenvolvimento mais pobres do que eram antes da pandemia”.

Perspectiva para a América Latina e Caribe

As perspectivas econômicas para América Latina e Caribe para os próximos anos não diferem muito das médias globais, com previsão de redução do ritmo de crescimento em 2024 para então voltar a registrar aumento da expansão econômica em 2025.

A previsão para a região melhorou em relação ao relatório anterior, divulgado na metade do ano passado, muito por conta do desempenho das duas principais economias locais, Brasil e México.

Em relação ao Brasil, a revisão para cima foi motivada principalmente devido a resultados melhores do que o esperado na produção agrícola, no consumo privado e nas exportações nos três primeiros trimestres de 2023. Já o México teve desempenho acima do esperado tanto no consumo privado como em investimentos, com crescimento mais forte do que o previsto pelo Banco Mundial.

Outro aspecto que motivou a melhora das perspectivas da América Latina e Caribe foi o bom desempenho da economia dos EUA, que deve estimular a demanda na região, especialmente de commodities.

A economia brasileira está sendo projetada para crescer 1,5% em 2024, metade do ritmo de alta estimado pelo Banco Central, que justifica a previsão pela queda no ritmo de crescimento no segundo semestre de 2023 e também por colheitas menores do que esperado da safra atual, mas faz o adendo de que quedas na inflação e no núcleo da inflação poderão alterar esse cenário… leia mais em Valor Investe 09/01/2024