No Brasil, as operações de M&A (sigla para Fusões e Aquisições, em português) estão no radar das empresas. Dados da pesquisa “O futuro estratégico das fusões e aquisições no Brasil: M&A como impulso à transformação”, elaborada pela empresa de consultoria Deloitte mostram que busca por sinergia, expansão de mercado ou aumento da eficiência operacional estão entre alguns dos principais motivos que levam empresas a investir em operações de M&A no país. Dentre as ações tomadas, adquirir empresas (70%), ativos ou marcas de outras organizações (55%) e adquirir ou investir em startups (45%) estão entre as mais citadas.

Das 122 organizações que participaram do levantamento, 33% realizaram operações nos últimos cinco anos. Destas, 64% pretendem fazer novas fusões e aquisições até 2028, evidenciando que as estratégias adotadas foram positivas para a maior parte delas.

Para os próximos cinco anos, dentre 46% das empresas que pretendem fazer M&A, 24% pretendem adquirir ou investir em startups; outras 23% pretendem buscar fusão do negócio com outra empresa; e 21% pretendem adquirir outra empresa. Ainda entre as companhias que realizaram operações nos últimos cinco anos, 51% efetuaram ao menos uma operação, 25% duas ou três, e 24% realizaram quatro ou mais operações. Para os próximos cinco anos, dentre as 46% das empresas que pretendem fazer M&A, 24% pretendem adquirir ou investir em startups; 23% pretendem buscar fusão do negócio com outra empresa; e 21% pretendem adquirir outra empresa.

Fusões e aquisições no Brasil despertam interesse
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Estratégias

“As estratégias de M&A têm sido aplicadas não somente para acelerar o crescimento ou conquistar mercado, mas também como oportunidade de acessar novas tecnologias e soluções inovadoras, ampliar a eficiência e atrair talentos especializados. São, sobretudo, oportunidades para criar valor e traçar um novo futuro para as organizações.

A sinergia entre diferentes modelos de negócio, a integração de tecnologias e a aquisição de novos talentos fornecem insumos para que elas ampliem sua eficiência operacional, reduzam custos, diversifiquem portfólio e expandam sua atuação em mercados estratégicos. Os principais motivadores para adoção de estratégias de M&A se relacionaram, principalmente, à busca pelo crescimento e aceleração da tecnologia. Mesmo que em fase incipiente, as organizações estão atentas ao movimento de acelerar sua transição energética por meio de fusões e/ou aquisições”, avalia Venus Kennedy, líder da prática de Estratégia, Analytics e M&A da Deloitte.

Perfis das empresas

Sobre o perfil das empresas que realizaram operações de M&A, 60% são de capital fechado, 35% listadas em bolsa e 20% empresas de família. Ao todo, 40% tem receita anual menor que R$ 500 milhões; 20% entre R$ 500 milhões e R$ 2,5 bilhões; 10% entre R$ 2,5 e R$ 7,5 bilhões; 30% acima de R$ 7,5 bilhões. Em relação aos setores, 20% das organizações são de Serviços de Tecnologia; 18% Infraestrutura; 15% TI e Telecom; 13% Agronegócio, Alimentos e Bebidas; 13% Bens de Consumo; 10% Mineração, Petróleo e Gás; 10% Serviços Financeiros; 3% Comércio (atacado e varejo).

Para melhorar a liquidez e obter recursos, 18% das organizações adotaram venda de maquinários ou equipamentos; 13% venda de unidade(s) de produção, ou área agrícola, ou loja física; e 11% venda de marcas ou linhas de produção. Entre as ações que podem ser adotadas até 2028, 16% pretendem vender maquinários ou equipamentos, assim como 16% esperam vender alguma marca ou linha de produção. Sobre as formas de captação de recursos que podem ser aplicadas nos próximos cinco anos, 42% citou a busca por novos investidores ou sócios para a organização.

Tecnologia ganha espaço entre as operações de M&A

A tecnologia conquistou um papel crucial para o sucesso de uma operação de fusão e aquisição, ganhando espaço a cada nova transformação no ambiente de negócios. Dentre as empresas pesquisadas pela Deloitte, 61% utilizaram tecnologias como Inteligência Artificial (IA) ou Analytics para apoiar suas operações, especialmente com foco em prever um possível cenário pós-fusão, e para identificar oportunidades no mercado. No entanto, apenas 18% utilizaram I.A ou Analytics para apoiar a precificação do alvo da operação, sinalizando uma oportunidade para que as organizações ganhem eficiência neste processo, com a inserção da tecnologia.

Entre os 43% das companhias que não realizaram M&A nos últimos cinco anos e que não pretendem adotar tais ações até 2028, 53% acreditam que sua organização não está preparada para uma fusão ou aquisição, enquanto 27% veem como principal obstáculo as complexidades jurídica e operacional; e 22% apontam preocupação com a integração da cultura entre empresas e mensuração incorreta de sinergias. As justificativas para a não realização de operações nos próximos cinco anos se relacionam principalmente ao alto custo do processo e às dificuldades em se obter um valuation correto e assertivo, e não somente a fatores macroeconômicos.

Tais preocupações evidenciam a importância de que este tipo de operação seja realizado de forma organizada e muito bem mapeada, com o apoio de soluções e profissionais capacitados. Por meio dos dados, podemos concluir que, quando bem-sucedidas, as operações de M&A são grandes aliadas dos objetivos estratégicos das organizações – como apontado por 57% das participantes que fizeram M&A e que atingiram seus objetivos. Adicionalmente, 27% delas afirmaram que não viram oportunidades para realizar aquisições nos últimos anos, demonstrando que há interesse por este tipo de operação”, afirma Matt Birtwistle, sócio-líder da prática de M&A em consultoria da Deloitte.

Após o ápice em 2021, quando o número de transações e o montante movimentado foram recordes, os valores médios das transações divulgadas recuaram em 2022 e 2023, diante das mudanças no cenário macroeconômico que refletiram nas decisões de investidores. Os índices extraídos da Transactional Track Record (TTR) apontam que, de janeiro a novembro deste ano, o número de transações no Brasil foi de 1.791, sendo 944 de M&A; 512 Venture Capital; 247 Asset Acquisition; e 88 Private Equity. Juntas, essas operações corresponderam a R$ 192 bilhões em movimentações… leia mais em Monitor Mercantil 18/01/2024