O comprador sumiu do varejo de materiais de construção – tanto aquele que circulava nas lojas quanto aquele que poderia levar as lojas. No ano passado, a família Faria colocou à venda alguns ativos e, enquanto emplacou o banco Alfa na transação com o Safra, a varejista C&C parece uma venda desafiadora. Segundo fontes, o negócio atraiu poucos interessados até agora e ninguém avançou – as margens são apertadas e há pouco espaço para mudar esse jogo, diz um executivo que chegou a entrar no processo.

Quando o mandato foi para a rua, a concorrente Telhanorte já estava à venda há quase um ano, também sem encontrar comprador. A rede é detida pelo grupo francês Saint Gobain, que não tem o varejo como prioridade e por isso quer o desinvestimento. Além de players de varejo, fundos de private equity também já avaliaram Telhanorte e C&C, sem colocar proposta na mesa. Os dois processos estão em banho-maria.

Já na Quero-Quero, que era investida da Advent e hoje é listada em bolsa sem controlador, foram os compradores de produtos que desapareceram (na verdade, a renda deles). Os números divulgados há pouco pela varejista ajudam a entender porque as concorrentes não parecem um bom negócio aos olhos dos investidores.

No varejo de construção está difícil achar comprador

As vendas aumentaram 2% no último trimestre, graças a novas lojas, já que naquelas abertas há pelo menos um ano a queda foi de 7%. O lucro despencou 86%, para R$ 3,6 milhões. A margem líquida, que era de 4,5% no fim de 2021, foi para 0,6%. No ano, o prejuízo foi de R$ 18,7 milhões – seu primeiro resultado negativo desde 2016 e o primeiro como empresa listada.

Desde o IPO, em agosto de 2020, a ação perdeu 62% de valor. A gestora Alaska tem aproveitado a desvalorização para aumentar posição e é, atualmente, a maior acionista, com 20%.

“Essas companhias tiveram bons desempenhos na pandemia, com as pessoas melhorando ou ampliando a casa durante o isolamento social, mas dificilmente terão um driver de vendas semelhante no curto e médio prazo. Soma-se a isso o patamar de juros, que afeta o consumo, e a inflação de custos”, comenta um gestor. “Para um fundo, não faria sentido juntar C&C e Telhanorte para melhorar escala e margem porque elas têm muita sobreposição geográfica”, avalia… leia mais em Pipeline 09/03/2023