O equity crowdfunding é uma modalidade de captação de investimentos que tem atraído cada vez mais empreendedores. De acordo com dados divulgados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a arrecadação de recursos por esse meio cresceu 61% em 2022, passando de R$ 130 milhões, em 2021, para R$ 210 milhões. No mesmo período, três novas plataformas passaram a atuar nesse mercado, chegando a um total de 57.

“O equity crowdfunding um instrumento que vem crescendo, mas que ainda é tímido na comparação com todo o mercado. Em um momento político-econômico complexo, no qual existe uma restrição de capital e maior seletividade por parte dos fundos, equity crowdfunding é uma excelente alternativa de financiamento para as empresas em fase inicial”, afirma Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito.

O que é equity crowdfunding?

A seguir, conheça mais sobre a modalidade:

O que é equity crowdfunding?

O equity crowdfunding é uma modalidade de captação de recursos utilizada por startups. O processo se assemelha ao das plataformas de financiamento coletivo (vaquinhas virtuais), nas quais inúmeras pessoas podem investir em um mesmo projeto. No caso do equity, porém, os investidores não aportam capital em troca de brindes ou benefícios: eles recebem participação societária da empresa.

Todo o processo acontece de forma virtual, a partir de plataformas regulamentadas pela CVM. Esta forma de investimento é comumente apontada como uma forma de democratizar a participação no ecossistema de inovação, já que os aportes costumam ser mais baixos do que em outras modalidades. Em boa parte das plataformas, é possível investir a partir de R$ 1 mil.

No Brasil, a modalidade surgiu em 2014 com a Kria, fintech que abriu duas ofertas públicas de investimento para si mesma. As rodadas atraíram 70 investidores e levantaram R$ 650 mil para a startup. A regulamentação da prática pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) só viria em 2017.

Como captar investimentos por equity crowdfunding?

Cada plataforma de equity crowdfunding tem uma equipe de especialistas que faz uma curadoria de startups com potencial de captar investimentos. Elas são mapeadas a partir de perfis encontrados por olheiros ou mediante inscrição, de acordo com a tese de cada uma. Algumas são mais abrangentes e incluem empresas de diferentes setores, enquanto outras trabalham com nichos específicos.

Uma vez selecionadas, as startups podem abrir rodadas de captação de investimento na plataforma. Na página da oferta, ficam listadas as informações sobre a empresa: história, fundadores, contrato social, captações anteriores, valuation, o que pretendem fazer com o dinheiro captado e demonstrações financeiras. Um valor-alvo é determinado, e a oferta fica aberta por até 180 dias (seis meses).

“Uma vantagem é poder atingir um número grande de investidores em um único pitch de investimento. Essa pulverização facilita na hora de levantar capital. Por outro lado, o empreendedor terá de criar uma governança para dar transparência e confiança a um número grande de investidores, o que pode desfocar a gestão no momento de testar produtos e crescer a empresa”, pontua Gierun.

É preciso captar um valor mínimo com a oferta, de dois terços do valor-alvo determinado (66%). Caso ele não seja atingido, a captação é cancelada e os investidores recebem o dinheiro de volta. Caso o valor seja alcançado, a startup decide se quer encerrar a rodada naquele momento ou se manterá a oferta aberta até o fim do prazo para atrair mais investidores.

As plataformas cobram uma taxa de sucesso quando as ofertas ultrapassam o valor mínimo, que é descontada do valor total captado no momento do repasse do dinheiro para a startup, que deve acontecer em até sete dias após o encerramento da oferta. A taxa varia para cada plataforma.

Quais são as vantagens do equity crowdfunding?

Para os fundadores de startups, o principal atrativo do equity crowdfunding é a possibilidade de conseguir investimentos para a empresa com diversas fontes, inclusive pessoas físicas. Em geral, esse é um processo mais simples do que os investimentos de venture capital negociados com gestoras ou fundos.

Para os investidores, o objetivo é ter retorno com o financiamento. Isso acontece em um momento futuro, chamado exit. Trata-se de quando a participação na empresa é vendida, e quem aportou dinheiro poderá lucrar com a sua valorização.

Os exits acontecem em três ocasiões:

  • Em uma próxima rodada investimentos, caso o investidor queira vender a sua participação na startup para novos investidores ou fundos de venture capital;
  • Quando a startup é adquirida por uma empresa ou outra startup;
  • Quando a startup abre o capital (IPO, oferta pública inicial) na Bolsa de Valores.

Em alguns casos, as plataformas também cobram taxas dos investidores no momento do exit.

Quem pode captar por equity crowdfunding?

Regulamentada no Brasil desde 2017 pela CVM sob o registro Instrução CVM 588, a modalidade de equity crowdfunding passou por mudanças em julho de 2022 a partir da aprovação da Resolução 88. As alterações aumentaram a segurança e a transparência das ofertas aos investidores, ao determinar o conjunto de informações que devem ser apresentadas ao público interessado.

A Resolução 88 também atribuiu às plataformas autorizadas pela instituição o papel de supervisionar o cumprimento das regras pelos dois lados do processo: investidores e startups. Veja as principais mudanças:… leia mais em PEGN 23/02/2023