A Vaas, startup que desenvolve tecnologias contra fraudes financeiras, acaba de levantar R$ 10 milhões em um pré-seed, liderado pela ABSeed. Criado em Florianópolis pelo mesmo trio que fundou a Decora, de decoração em 3D, o negócio é focado em transações relacionadas ao universo das criptomoedas, mas também está se preparando para combater golpes ligados ao Pix.

A empresa, que ainda está em fase de prova de conceito junto a grandes companhias, só deve lançar oficialmente a sua plataforma de monitoramento transacional em blockchain no próximo mês. A solução já nasce acompanhando transações via Pix, mas o plano é desenvolver ferramentas antifraude para esse tipo de pagamento — que tem sido um grande alvo de golpistas.

No mundo das criptomoedas, a startup recorre à inteligência artificial para verificar todo o histórico de uma carteira de ativos desde o primeiro dia e identificar transações atípicas ou suspeitas. Mesmo que o dinheiro venha de outras carteiras anteriores, é possível operar dessa forma graças ao blockchain, que funciona como um registro de cartório inalterável (em tese) e descentralizado.

Vaas capta R$ 10 mi

Como o mercado das criptomoedas se popularizou nos últimos anos, com bancos e instituições financeiras mais tradicionais passando a oferecer esse tipo de ativo em suas prateleiras de investimentos, a Vaas percebeu que havia um espaço para ser um negócio que ajuda esses players a andar na linha, dando mais transparência às transações.

“Com o avanço dessas tecnologias, as instituições financeiras e bancos vão ter que seguir regras de compliance e estar em conformidade com bancos centrais, realizar sua prevenção à lavagem de dinheiro, saber de onde veio o dinheiro”, diz Gustavo Tremel, CEO da Vaas.

O negócio começou com cerca de R$ 5 milhões de investimento inicial dos três sócios fundadores, Tremel, Daniel Smolenaars e Paulo Orione, depois que a Decora foi vendida por US$ 100 milhões para a CreativeDrive. Sem saber exatamente qual seria a solução, mas apostando que esse seria o futuro, o trio criou, na capital catarinense, um espaço de coworking, o Hub Web 3. Ali, reuniram mais de 100 pessoas trabalhando em 40 projetos diferentes. Desse ambiente, nasceu a Vaas.

Agora, pela primeira vez, a startup está colocando investidores institucionais no cap table. Além da ABSeed, entraram a Fuse Capital e a Honey Island by 4UM. Com os recursos, a Vaas vai implementar sua estratégia de go-to-market e desenvolver novos produtos.

Hoje, a startup procura produzir informações — recorrendo a dados locais e a cruzamento de bases — e cooperar com outras instituições em parcerias, como com a B3, o que permite consultar transações por CPF e CNPJ. Mesmo no pré-operacional, a Vaas foi capaz de contribuir na CPI das Pirâmides Financeiras, por exemplo. A plataforma obteve dados sobre o “engomadinho dos bitcoins”, Gustavo Diniz, que desapareceu com R$ 70 milhões em golpes.

No blockchain, diferentemente da conta corrente, é possível verificar o que aconteceu na carteira, mas não necessariamente quem é o proprietário. Por isso, a startup conta com um modelo integrado de análise, verificando informações do registro e comparando com as transações do mercado tradicional.

Dessa forma, por um valor fixo ao mês, a Vaas monitora em tempo integral cada cliente que o banco quiser acompanhar. “Nosso maior diferencial é esse motor on-chain [dentro do blockchain] e off-chain [fora]. Com base nisso dou uma medição de risco de uma forma que outras plataformas não conseguem”, diz Tremel.

Em fase piloto, a startup já tem atendido alguns bancos. No entanto, será lançada oficialmente em um momento em que instituições financeiras não ligadas originalmente a esse mercado têm preferido descontinuar a oferta de criptomoedas, como a Avenue, a XP e o PicPay.

Enquanto a Avenue alegou que precisava canalizar forças para os produtos que são prioritários em sua plataforma, o PicPay disse que a decisão foi tomada em razão da “indefinição regulatória do setor”. Já a XP, segundo informações do Valor, por ser listada nos EUA, preferiu se alinhar às tendências do país, onde as casas de investimento têm se afastado da negociação de criptomoedas diante do aperto regulatório promovido pela SEC — além de a plataforma não ter ganhado tração entre os clientes… leia mais em Pipeline 26/10/2023