Vinicius Albernaz, o ex-CEO da Bradesco Seguros, passou o ano de 2022 inteiro conversando com seguradoras e gestoras de previdência privada, com o RH de dezenas de empresas e reguladores do setor.

O executivo, hoje sócio da Vinci Partners, queria mergulhar fundo nos problemas da previdência privada, um mercado de R$ 1,4 trilhão que cresce 13% ao ano com os famosos PGBLs e VGBLs — mas que, segundo ele, ainda tem uma experiência ruim e nada de tecnologia.  “As seguradoras são entidades que desenvolveram e ainda operam com sistemas legados, que geram uma experiência muito ruim para o cliente em todas as etapas, da contratação do plano até o acompanhamento da carteira,” Vinicius disse ao Brazil Journal.  “Além disso, a indústria está muito focada em vender o fundo de equities X, ou o fundo de renda fixa Y.

previdencia privada

Tem pouca gente olhando o cliente como um todo, numa visão holística, de composição de carteira.” Segundo ele, todo o mercado — seja o corretor, o agente autônomo ou o gerente do banco — está “viciado” em vender o produto específico (e, normalmente, o que paga mais fee). “Precisamos sair desse modelo transacional e entrar no modelo de personalização do cliente, do que faz sentido para cada um, de acordo com sua idade e objetivos,” disse o executivo. Esse diagnóstico foi a base para a criação da MIO, uma seguradora que Vinicius construiu do zero dentro da estrutura da Vinci, a gestora de recursos com mais de R$ 65 bilhões em ativos. A MIO quer se diferenciar justamente nos problemas que a Vinci mapeou, entregando uma experiência “muito mais simples, ágil, leve e menos burocrática” e atendendo o cliente com uma visão mais holística.

A aposta da gestora vai em linha com o movimento que outras firmas globais de gestão já fizeram no passado.  Blackstone, KKR e Apollo também tem seguradoras integradas com a parte de gestão de recursos alternativas.  “Numa visão de longo prazo faz muito sentido,” o CEO da Vinci Alessandro Horta disse ao Brazil Journal. A MIO conseguiu sua licença da SUSEP em novembro de 2022 e os primeiros planos de previdência foram vendidos em janeiro do ano passado.  Segundo Vinicius, a insurtech passou o primeiro ano operando em beta, focada em friends and family e funcionários da Vinci.  Agora a seguradora está se preparando para atacar o mar aberto. Para isso, uma das apostas principais é a portabilidade do plano de previdência de outras seguradoras, “com uma experiência de portabilidade mais simples e digital do que tem na concorrência,” disse Horta.

A aposta da Vinci vem num momento em que o mercado de previdência privada começa a ensaiar uma descentralização. Hoje, quase 90% do ‘¡… saiba mais em Brazil Journal 26/01/2024