O grupo de investidores-anjo FDC Angels, criado por ex-alunos da Fundação Dom Cabral e apoiado integralmente pela escola de negócios, anuncia nesta quarta-feira (21/12) seu primeiro aporte: serão investidos R$ 300 mil na startup U4Hero, edtech de Brasília que permite a escolas acompanhar o desenvolvimento socioemocional dos seus alunos por meio de uma plataforma digital.

O FDC Angels foi fundado em 2021, a partir da ideia de Ricardo Blandy, que já atuava como investidor-anjo no grupo GV Angels. Ele se uniu a Maria Eva Lazarin, Danilo Nascimento, Luís Gustavo Freitas e Alexandre Scotti, todos ex-alunos da FDC, para criar um grupo de investimento-anjo em startups de alto impacto, selecionadas a partir da medição de critérios globais de instituições como ONU e Unicef. O grupo também se propõe a fugir do eixo Rio-São Paulo, buscando se conectar com entidades ao redor do Brasil para ganhar uma visão mais ampla do ecossistema empreendedor.

Do time fundador, Blandy é o único que já tinha experiência com investimento em startups; e dos membros do grupo, poucos já haviam investido anteriormente. “A maioria está entendendo agora o que é investimento-anjo, entrando no ecossistema de inovação. A gente acredita muito que o futuro está no investimento de impacto e que pessoas físicas terão startups na carteira de investimentos”, aponta Blandy.

Com aporte inaugural de R$ 300 mil em edtech

Para participar do grupo, é preciso ter sido aluno da Fundação Dom Cabral e pagar uma anuidade (R$ 3.500) – os recursos são utilizados para financiar custos administrativos. A meta é chegar a 300 membros até o fim de 2023 e 500 integrantes em 2024. “São mais de 20 mil ex-alunos da FDC, a ideia é trazer 1% dessa rede para se juntar a nós e investir na economia real”, explica Blandy.

Além do foco no impacto, a tese do grupo se debruça sobre seis segmentos: educação, saúde, finanças, agronegócio, mineração e metalurgia, e bem-estar social. O fundador ressalta que o FDC Angels não investe em lobos solitários, e busca bons times de fundadores de startups em estágio de MVP e que já gerem algum faturamento. “É um momento em que não é qualquer fundo de venture capital que se dispõe ao risco, pela falta de números e estrutura. O anjo tem o papel de ser o berçário”, diz.

Segundo Blandy, o apoio da Fundação Dom Cabral aconteceu após quase dois anos de negociação. A instituição não contribui financeiramente com o grupo – que é uma associação sem fins lucrativos –, mas aloca parte do orçamento para auxiliar com marketing e estrutura para realização de eventos. A fundação também permite o acesso ao conhecimento, como biblioteca e laboratórios, e aos docentes, que ajudarão os empreendedores a superar os desafios que surgirem.

Quase 150 startups se inscreveram para o primeiro processo seletivo, composto por quatro fases com baterias de entrevistas, até chegar às três finalistas, que foram apresentadas ao grupo de investidores em um pitch day. “É um momento difícil para o mercado. Nosso objetivo era fazer pelo menos um investimento em 2022. Startups de mais de 10 estados nos procuraram por causa da tese de impacto. Para um empreendedor, nesse momento inicial, não é só o dinheiro que importa. Ter a ajuda de quem entende o que é um negócio de impacto é valioso”, explica Blandy.

No evento os investidores-anjo se juntam em clubes de investimento para levantar o capital e aportar na startup escolhida. Cada um investe de R$ 20 mil a R$ 100 mil – os aportes saem na ordem de R$ 300 mil a R$ 1,5 milhão, a depender do estágio da startup selecionada. No ano que vem, o FDC Angels pretende realizar de oito a 12 investimentos.

Na primeira edição, participaram as startups Trampay, plataforma que oferece soluções financeiras para trabalhadores informais; Seall, startup que auxilia empresas com gestão estratégica para impacto socioambiental e econômico; e U4Hero, edtech que pretende auxiliar no desenvolvimento de soft skills para crianças de forma lúdica – a escolhida para receber o investimento.

A U4Hero foi fundada por Alysson Sanches há um ano e meio, a partir de uma dor de sua filha, que começou a apresentar dificuldades com questões socioemocionais na escola, sem saber lidar com frustração, tristeza e competição. Psicopedagogos auxiliaram na criação da plataforma gamificada onde as crianças podem aprender melhor sobre as emoções e como verbalizá-las. A ferramenta também integra a formação socioemocional para educadores, obrigatória pela Base Nacional Comum Circular (BNCC) desde 2020. Mais de 20 mil alunos da rede pública de ensino de Brasília terão acesso à plataforma da U4Hero em 2023, e a expectativa é fortalecer as soft skills de 60 mil crianças e adolescentes em 2024.. leia mais em PEGN 21/12/2022