A nova economia compartilhada, que começou com sites de compras coletivas e deu origem a aplicativos como a Uber, chegou aos jatinhos particulares. No Brasil, inclusive. Seguindo os passos da americana NetJets, a Flapper, uma plataforma brasileira de aviação executiva sob demanda, acaba de levantar mais R$ 30 milhões na extensão de sua série A. A rodada foi liderada pela gestora DXA Invest e o fundo de investimentos alternativos Arien Invest, complementando os R$ 10 milhões que o fundo setorial Aerotec e a ACE Startups já tinham aportado na companhia.

“O Brasil é um país continental e tem um público enorme para esse negócio”, diz Paul Malicki, CEO e fundador da Flapper, ao Pipeline. “Cerca de 20% a 30% dos voos executivos voam vazios no país, na ida ou na volta. Não faz mais sentido oferecer voos por assento, como faz o Airbnb com os quartos vagos de um apartamento? Agora, a gente pode oferecer essa passagem, ou a aeronave toda, em nosso marketplace.”

A Flapper foi fundada em 2016 por Malicki, executivo que acumula passagens por unicórnios como Nubank, Farfetch e até MasterCard, como advisor. A ideia surgiu de uma demanda própria do empreendedor, que era CMO da Easy Táxi na época e sofria para conseguir voos que se encaixassem na agenda. O potencial local foi outro fator atrativo: São Paulo tem uma frota de helicópteros maior do que a de Nova York ou São Francisco, o que indica que existe o público de alto padrão e a demanda executiva.

Hoje, a Flapper conta com 350 mil usuários recorrentes no aplicativo e 1.150 aeronaves registradas para atendê-los. Em média, a plataforma realiza 300 voos por mês. Recentemente, a Flapper passou também a oferecer o serviço de transportar pequenas cargas. O modelo é asset light: nenhum avião é próprio — a startup considera assumir a operação dos voos num futuro próximo.

A pandemia deu uma turbinada: fugindo das aglomerações de voos comerciais, os executivos aumentaram a demanda em 40% durante os meses mais críticos. Desde que foi fundada, a Flapper multiplicou por 2,5x sua receita a cada ano. Hoje 40% da receita vem de operações B2B para bancos, hospitais e outros clientes corporativos.

“Aqui, nós gostamos muito da economia real, e vemos que o mercado de aviação privada é muito menos sujeito a crises. Achamos interessante o modelo, o contato com o usuário na ponta, tem uma gestão de ativos muito interessante, um valor intangível no negócio que reduz risco. Além disso, tem escalabilidade e o padrão de crescimento mostra um certo nível de maturidade”, disse Ana Vasques, head de research da DXA Invest.

Temos uma tese de infratech e a Flapper foi uma das empresas mais alinhadas com a nossa estratégia de descarbonização e digitalização. Nós também confiamos no Paul, sabemos que tem uma carreira brilhante: a gente sempre procurou estar próximo a pessoas com sinergia do perfil ético e de propósito”, emendou Mário Candido Neto, sócio da Arien Invest.

O funding vai ajudar a Flapper a alçar voos mais altos. Com o aporte, a startup vai financiar o fortalecimento da operação internacional. Hoje, 50% da receita da Flapper já é composta por voos com decolagem ou pouso fora do Brasil. Os principais destinos incluem Argentina, México, Colômbia, e a Flórida, nos EUA, além de contar com alguns representantes na Europa. Os recursos também vão permitir investimento em tecnologia – o plano é ofertar cotas individuais de aeronaves pela plataforma… saiba mais em Pipeline 11/11/2022