5 tendências para a Web3, nova fase da internet que engloba blockchain e cripto

A indústria já entendeu que o futuro será baseado em blockchain. Os desenvolvedores avançam com a criação de novas funcionalidades e aplicações em um grande movimento de descoberta da tecnologia. Sim, porque ela está em sua infância, mesmo com todo o barulho que já vem causando.

Por sua vez, as empresas se mobilizam para adotar as ferramentas nascentes e otimizar as operações de seus negócios que seriam difíceis – ou impossíveis – de se executar sem essa nova base tecnológica.

A Web3 é um ambiente todo movido à blockchain e que tem as criptomoedas e os NFTs como combustíveis. O conceito, porém, ainda está sendo absorvido gradualmente pelas companhias e também pelos usuários. A consequência natural é que, com uma maior clareza no entendimento, sejam detectadas novas necessidades e, assim, novas demandas. Está criado o ciclo de utilidade.

Em um horizonte mais visível, é possível até detectar algumas tendências dessa terceira geração da internet. A seguir, listo e comento cinco delas.

Redução de barreiras para a adoção da Web3

A porta de entrada para a Web3 ainda está emperrada para a maioria das pessoas. O ambiente Web3 tem suas particularidades, é preciso lidar com conceitos diferentes do qual estamos acostumados, como, por exemplo, a ideia de chaves públicas e privadas, e aprender a converter moeda fiat para criptomoeda.

Os projetos estão compreendendo essa dificuldade e trabalhando para amortecer o atrito. Muitas empresas baseadas em blockchain vêm permitindo aos usuários usar o padrão de login e senha para acessar as plataformas.

Existem recursos como os NFTs cuja popularidade já ultrapassou os limites da Web3. Ao tornar o acesso mais intuitivo, é possível ampliar o alcance da tecnologia àqueles ainda não familiarizados com o novo enredo.

Mesmo com o aumento do interesse nas novas ferramentas, fica evidente a limitação dos usuários em administrar uma carteira digital. O significado de chave pública ainda é uma incógnita para a maioria e o desafio em armazenar chaves privadas precisa ser superado.

É aí que entra o esforço de simplificar a trilha de ingresso em plataformas e aplicativos. O assunto está na pauta do dia dos desenvolvedores. As exchanges se lançaram usando a estratégia de login e senha para amplificar o acesso às suas plataformas. Hoje, já fazem o caminho contrário, se atualizando para permitir o uso de carteira digital.

Além disso, meios de pagamentos convencionais como cartões de crédito e pix também começaram a ser aceitos.

Esse movimento é interessante porque, ao destravar o onboarding, as plataformas capturam o público para, em seguida, educá-lo com experiências reais de Web3.

Desenvolvimento de hardware para Web3

A Solana Labs anunciou recentemente a produção de um telefone móvel pensado para a Web3, batizado de Saga. A novidade atiçou o mercado. Curiosamente, porém, a startup não foi a primeira. Lá atrás, em 2019, apareceram alguns projetos na área, assinados por empresas como HTC e Samsung, mas que não foram para frente.

Com o anúncio da Solana, a HTC voltou a planejar um novo aparelho e a Polygon também deixou claro que tinha a intenção de entrar no jogo.

O cofundador da Solana, Anatoly Yakovenko, falou que o lançamento realizava um anseio importante da indústria Web3. “Chegou a hora de os dispositivos Web3 começarem a construir para uso móvel e não em torno do uso móvel”. A companhia também lançou um kit de desenvolvimento de aplicativos nativos mobile, o Solana Mobile Stack (SMS).

Mas a missão não é tão simples. Esbarra em aspectos fundamentais como a falta de integração entre software e hardware e de soluções de custódia para celulares.

Outro aspecto é que as aplicações na Web3 são desenvolvidas em blockchain, ou seja, depende de redes peer-to-peer baseadas essencialmente no suporte de pessoas rodando nós. Por isso, para que a internet possa funcionar à altura de sua potência de hoje, soluções nativas de tecnologia de rede precisarão ser criadas.

O Helium exemplifica essa busca. O projeto foca na descentralização do acesso à internet através de um trabalho de mineração que favorece a multiplicação do sinal. A rede, baseada em blockchain e desenvolvida para aumentar a adoção da Internet das Coisas, usa nós como Hotspots para conectar dispositivos sem fios à rede.

Blockchain as a Service

A blockchain vai muito além de seus casos de uso no universo das criptomoedas. Cada vez mais empresas estão entendendo a tecnologia e detectando o diferencial de sua aplicação em diversas áreas da indústria.

No entanto, a criação e a operação de uma blockchain própria ainda envolve questões complexas. Para facilitar sua adoção em larga escala, surgiu o Blockchain as a Service (BaaS), serviço que funciona de forma semelhante ao SaaS (Software as a Service). Hoje, em vez de abrigarem um núcleo de criação e operação de sistemas, as companhias contratam softwares de terceiros e ficam liberadas para focar no objetivo do negócio.

A proposta do BaaS é parecida. Permite que os clientes contratem soluções baseadas em nuvem para construir, hospedar e operar seus próprios aplicativos baseados em blockchain. O provedor terceirizado fica encarregado de manter a infraestrutura funcionando.

A implementação do 5G deve ser um grande catalisador da adoção do BaaS, pois promete tornar mais ágil o poder de comunicação entre os dispositivos da cadeia.

A Amazon hoje já é um provedor do serviço, através do Amazon Managed Blockchain, que “facilita ingressar em redes públicas e criar e gerenciar redes de blockchain privadas usando as conhecidas estruturas de código aberto Hyperledger Fabric e Ethereum”, como diz o site da empresa.

Marketplaces on-chain: os novos e-commerces

Os NFTs e os marketplaces construídos em blockchain mudaram a forma como a arte é criada e consumida. Muito além dos grandes players, como a plataforma líder Open Sea, por exemplo, artistas e marcas individuais já estão optando por criar sistemas próprios para comercializar seus trabalhos.

Apesar da complexidade ainda existente para isso, a tecnologia está avançando muito rapidamente e pode ser que, em um futuro breve, seja tão simples ter um marketplace próprio quanto é hoje construir um e-commerce para vender produtos online.

Os NFTs, em alguns casos, podem inclusive gerar mais facilidade em sua criação e administração do que produtos convencionais manufaturados. Hoje, existem aplicativos on-chain como o Artblocks que permitem cunhar obras de maneira descomplicada via algoritmos.

Evolução da própria Web3

Sim, essa também é uma tendência. E, no ritmo atual de transformação, deve acontecer em um intervalo ainda mais curto do que levou para se chegar da Web2 para a Web3.

Na linha de frente da saga, está um célebre ativista da descentralização integral, Jack Dorsey, criador do Twitter, maximalista e atualmente à frente da Block, de pagamentos digitais. O bilionário é um crítico ferrenho da Web3, cuja narrativa inclui, além da crítica à centralização da web atual, a defesa da propriedade individual na internet.

Em uma publicação polêmica no fim do ano passado, Dorsey fez uma provocação, dizendo aos entusiastas da tecnologia que os verdadeiros proprietários da Web3 seriam os capitalistas de risco. “(A Web3) Nunca irá escapar de seus incentivos (do capital de risco). No fim das contas, é uma entidade centralizada com um nome diferente. Saiba no que você está se metendo…”, alertou.

E ele não se limitou a falar, resolveu fazer. Dorsey embarcou na construção de uma versão própria da world wide web, batizada de Web5. O projeto habilitará softwares e plataformas sobre a rede do Bitcoin. Claro. Autor do texto Felippe Percigo investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais… saiba mais em Índices Bovespa 17/09/2022

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.