A EY, uma das principais consultorias e auditorias do mundo, acaba de divulgar a versão 2024 da pesquisa CEO Outlook, que fornece insights sobre itens da agenda dos conselhos de administração, como alocação de capital, investimento e estratégias de transformação de negócios, feita entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 em 21 países, incluindo o Brasil, com 1.200 CEOs de grandes empresa e 300 líderes de investimento do setor de Private Equity (PE). O principal indicativo do estudo é que a transformação definitivamente está no centro das atenções dos CEOs e, mais do que isso, 95% dos entrevistados estão planejando manter ou acelerar a transformação empresarial da empresa em 2024. Desses, 58% quase triplicaram os esforços nos últimos seis meses.

Mesmo com o cenário macroeconômico e geopolítico, baixo crescimento e nenhum retorno a curto prazo às taxas de juros ultrabaixas, os CEOs continuam otimistas em relação ao seu próprio crescimento e lucratividade, aproveitando a inteligência artificial (IA) e concentrando-se nas operações financeiras para aumentar a eficiência. “A pesquisa reforça um movimento que já estamos observando que é a crescente exponencial da inteligência artificial em diferentes frentes e áreas de negócios. Inclusive quando falamos da própria EY, essa será uma diretriz extremamente importante nesse ano”, afirma Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil.

Reforçado ao uso de tecnologias para alavancar os negócios, os CEOs também estão analisando a composição e ampliação do portfólio. O estudo indica que eles estão procurando acelerar os planos de investimento, com alienações corporativas antecipadas como ativos-alvo – uma possível parceria que poderia beneficiar tanto os CEOs quanto os executivos de PE. Segundo Berbert, “Com esse material, podemos perceber que os CEOs e os líderes de PE estão igualmente otimistas em relação às perspectivas de fusões e aquisições (M&A) para 2024, sendo que a grande maioria espera o retorno dos “megadeals”, à medida que o mercado geral de negócios se recupera após um 2023 pouco aquecido”.

Os CEOs estão positivos e proativos ao olharem para o curto prazo e quando perguntados sobre o plano para transformar seu portfólio de negócios nos próximos 12 meses, mais da metade dos entrevistados globais (58%) afirmam que planejam acelerar a transformação de seu portfólio de negócios nos próximos 12 meses, em comparação com apenas 21% da edição de julho de 2023.

Nas Américas, o recorte é o mesmo e a porcentagem dos que planejam acelerar a transformação sobe para 60%, contra 39% que devem manter e apenas 1% não tem nenhuma ação sobre o tema no radar deste ano.

As razões que motivam a transformação são inúmeras e o estudo mostra que, globalmente, estão equilibradas tendo o top 3 formado por: impacto da remodelação da nossa indústria (32%), tirar proveito oportunamente das condições e/ou avaliações do mercado (31%) e reorientação do mercado de capitais (29%). “Nesse ponto, nós estamos alinhados com o global porque nosso top 3 é o mesmo, trocando apenas o líder e vice-líder, mas as motivações seguem equilibradas, o que mostra que esse é um movimento uniforme de todo o mercado e não de países ou companhias em especial”, explica Berbert.

Outro questionamento que o estudo trouxe é sobre quais estratégias de negócios serão prioridades para 2024, tanto para os CEOs quanto para os líderes de PE. Para ambos, a grande prioridade é “gerir o capital de giro de forma mais eficaz, incluindo fluxo de caixa”. 42% dos CEOs sinalizaram essa questão como principal prioridade e enquanto nos líderes de PEs esse número sobe para 45%. “Isso se dá porque hoje vivemos uma realidade que mudou do crescimento a qualquer custo, alimentado por dinheiro ultra barato e liquidez elevada, para um financiamento mais caro e a maximização da eficiência financeira é fundamental para gerar caixa para investimentos internos”, explica Berbert.

Inteligência artificial

Ao falar sobre transformação, a conexão com a inteligência artificial é imediata e inevitável. 76% dos CEOs concordam que a IA proporcionará benefícios de eficiência, mas terá pouco impacto no crescimento da receita, enquanto apenas 11% discordam. Já os entrevistados de PE são um pouco mais otimistas quanto ao potencial da IA para gerar receita e eficiência, com 19%.

Complementando, o estudo mostra que 76% dos CEOs estão preocupados com a possibilidade de uso indevido da IA na política, principalmente com grande parte do eleitorado mundial programado para votar nos próximos 12 meses. E 78% concordam que a ascensão de movimentos populistas em todo o mundo aumentará a incerteza geopolítica e criará desafios comerciais.

M&A

No ano passado, houve o nível mais baixo de M&As da última década, com US$3 trilhões, mas houve uma melhora significativa tanto no valor quanto no volume, com um quarto trimestre do ano muito robusto, com registro de US$ 1,005 trilhão em negócios. O executivo explica que “a América do Norte manteve sua posição como a região-alvo mais atraente em termos de atividade de M&A, com um total de US$ 1,5 trilhão de negócios-alvo anunciados em 2023, além de ter sido responsável por 50% do valor global dos negócios. Em contrapartida, a EMEIA (Europa, Oriente Médio, Índia e África) e a Ásia-Pacífico registraram quedas anuais, por exemplo”.

E esse otimismo se reflete também nas expectativas para 2024, com 79% dos CEOs e 71% de líderes de PE prevendo que haverá um aumento nos mega deals (de US$ 10 bilhões ou mais) à medida que o mercado de M&A se recuperar. Além disso, mais de um terço (36%) dos CEOs estão planejando ativamente fazer uma aquisição nos próximos 12 meses.

Sell-side

Mas assim como as aquisições, o estudo indica que as vendas também devem estar presente nas agendas dos executivos. 29% dos CEOs estão planejando algum tipo de venda de ativos nos próximos 12 meses, e 16% considerando essas vendas como a principal fonte de financiamento para suas iniciativas de transformação. “Ou seja, é bem provável que este seja um ano movimentado para desinvestimentos. No “mapa” das regiões onde os CEOs procurarão vender ativos, a China está em primeiro lugar. Do ponto de vista setorial, é provável que haja atividade de desinvestimento nos setores industrial, bancário, de life sciences e no espaço mais amplo de telecomunicação e tecnologia, todas as áreas com níveis elevados de disrupção”, comenta Berbert. Já uma clara maioria dos líderes de PE (70%) acredita que as empresas acelerarão a atividade de desinvestimento este ano.

“A tendência da última década é a crescente sofisticação do processo de desinvestimento, pois os vendedores buscam maximizar o valor da transação. Todas as áreas importantes são cruciais para que a liderança atue em sincronia e com uma forte equipe de gerenciamento de projetos”, pontua o executivo. “Com a continuidade da volatilidade do mercado e da incerteza econômica no futuro próximo, um número cada vez maior de empresas procurará reformular seus portfólios em 2024. Seja despriorizando ativos de baixo desempenho, levantando capital para reinvestir em tecnologias novas ou ecológicas, IA ou soluções tecnológicas, ou reorientando o foco para o negócio principal. Em outras palavras, este ano deverá marcar um aumento de vendedores chegando ao mercado” finaliza.

A EY existe para construir um mundo de negócios melhor, ajudando a criar valor no longo prazo para seus clientes, pessoas e sociedade e gerando confiança nos mercados de capitais. Tendo dados e tecnologia como viabilizadores, equipes diversas da EY em mais de 150 países oferecem confiança por meio da garantia da qualidade e contribuem para o crescimento, transformação e operação de seus clientes. Com atuação em assurance, consulting, strategy, tax e transactions, as equipes da EY fazem perguntas melhores a fim de encontrarem novas respostas para as questões complexas do mundo atual.

Com informações da FSB 08/04/2024