A startups têm adquirido um papel de destaque a cada dia no ecossistema de inovação. De acordo com dados da Retrospectiva de 2021 feita pela plataforma Distrito que acelera startups e potencializa investimentos por meio de inovação aberta, o número de aportes e investimentos nessas empresas saltou de US$ 779 milhões em 2020 para US$ 9,4 bilhões em 2021 e bateu recorde no período quanto ao número de fusões e aquisições: 247 operações foram registradas no ano passado, incluindo transações em que uma startup foi adquirida tanto por uma empresa tradicional quanto por outra startup. Em 2020, o número foi de 163.

Para 2022, essa abrangência continuará sendo uma tendência. Segundo Maximiliano Carlomagno, professor convidado do IBGC e sócio-fundador da Innoscience Consultoria em Gestão da Inovação, o processo de fusão e aquisição para uma startup tem alguns significados. “Para as startups isso significa uma forma de recompensar o investimento da vida de seus empreendedores. Para os investidores, significa uma oportunidade de ter retorno sobre o capital investido na startup quando ela ainda era pequenininha”, explica Carlomagno.

Motivações do cenário

De acordo com os dados do report da Distrito, alguns cenários estiveram em alta em 2021 e contribuíram para os números recordes das startups. Enquanto em 2020 as empresas estavam se adaptando à nova necessidade de redesenhar seus processos logísticos de entregas e distribuição devido a pandemia, em 2021 houve oportunidade de aprimorar essas estratégias e elas se tornaram responsáveis também pelo crescimento expressivo.

“Com a adoção do isolamento social, e consequente aumento na demanda de entrega de produtos comprados online, varejistas começaram a expandir e refinar seus serviços de entrega”, revela o documento. “Uma boa parcela das startups oferece soluções digitais e a pandemia acelerou a adoção dessas soluções. A aquisição, então, tornou-se um bom atalho. A empresa reflete e vê que melhor do que ficar esperando desenvolver a solução, é comprar de alguém que já faz”, completa Carlomagno.

Outro movimento frequente destacado pelo relatório da Distrito foi o da internacionalização das startups brasileiras. A migração para o digital que muitos negócios tiveram que realizar por conta da pandemia trouxe melhorias nos processos de comunicação com o time, clientes, fornecedores e reguladores de maneira digital. Isso além de potencializar o sucesso de soluções inovadoras e inéditas mostrou que, ao atingir certo patamar de crescimento, as startups só poderiam continuar a expansão oferecendo novos produtos ou expandindo os mercados.

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O Marco Legal das Startups que tem por objetivo criar um ambiente regulatório favorável para empresas inovadoras também foi outro movimento em 2021. A Lei Complementar nº 182/2021 entrou em vigor em 31 de agosto de 2021 e representa um primeiro passo para estimular ainda mais o setor a alinhar-se com as boas práticas de governança corporativa. Para 2022, a CVM prevê, inclusive, um estudo do marco legal das startups.

Destacam-se também como situações favoráveis aos números: a aceleração da transformação digital do setor de saúde que deu origem a muitas healthtechs; o trabalho remoto e a necessidade de novas regras na dinâmica de trabalho dos funcionários, além do desenvolvimento de canais de oferta de produtos e serviços por meio de e-commerces.

Aquisições como soluções e governança corporativa

Para Carlomagno, as startups ganharam ainda mais oportunidade de crescimento, quando empresas maiores que elas se viram assustadas com a transformação digital. “Houve uma mudança de comportamento e as grandes empresas reconheceram a incapacidade de responder a todas as demandas da pandemia sozinhas”, explica.

O especialista ainda destaca que ao optar pela aquisição é importante a empresa ter clareza de qual é a sua estratégia, propósito e o melhor modelo ao fazer as aquisições. Nesta busca, converge os caminhos da governança corporativa que não se restringe à grandes empresas. “É preciso saber qual é o nível de integração adequado. Os conselhos, inclusive, podem fazer as discussões com a diretoria, para entender como as prioridades estratégicas se conectam às startups”, finalizou.

Atualmente, o IBGC tem estimulado Startups & Scale-ups – inclusive aquelas ainda na fase de ideação do projeto – a refletirem sobre o seu contexto e a sua jornada de governança corporativa por meio da “Métrica de Governança para Startups”, uma ferramenta de autoavaliação de práticas de governança para essas empresas que indica a adesão das startups e scale-ups às melhores práticas de governança corporativa, considerando o estágio de evolução e o momento de cada organização.Saiba mais em IBGC 28/01/2022