No final de 2017, a Softplan – empresa de software de gestão fundada em 1991 em Florianópolis – anunciou em um evento do programa StartupSC o investimento em dois novos negócios que tinham conexão com seu core business: as startups WeGov, que desenvolvia programas de capacitação digital para o setor público, e 1Doc, plataforma de digitalização de documentos e processos. Junto com a iniciativa da Construtech Ventures (descontinuada pouco tempo depois), aqueles foram os primeiros passos de uma das mais tradicionais companhias de TI em Santa Catarina junto ao emergente ambiente de startups local.

Meia década depois, a expertise desenvolvida para buscar, investir e adquirir startups se tornou um dos centros da estratégia de expansão da Softplan, que vem crescendo entre 30% e 40% ao ano e projeta alcançar a marca de R$ 1 bilhão de faturamento até 2024. Uma meta agressiva, visto que a empresa anunciou que deve fechar 2022 com receitas na ordem de R$ 582 milhões – para 2023, a projeção é de R$ 700 milhões.

Para dar essas largas passadas, a empresa comandada desde meados do ano passado pelo executivo Eduardo Smith vai priorizar a aquisição de negócios de tecnologia maduros, com potencial de agregar significativamente ao caixa da companhia.

Lá atrás, focamos em investimentos minoritários em startups early stage. Mas trabalhar com empresas neste perfil drena muita energia. Estamos focando cada vez mais em empresas maduras, com faturamento entre R$ 15 milhões e R$ 50 milhões. Não olhamos o negócio em si, mas se a solução faz sentido pode até ser uma empresa em estágio mais inicial”, comenta Smith. Em dois anos, o Grupo Softplan alocou mais de R$ 250 milhões em aquisições – somente neste ano, cinco das empresas investidas vem crescendo em média 45% em comparação com 2021.

Um divisor de águas nessa jornada no M&A foi a aquisição da Projuris, plataforma de Inteligência Legal utilizada por mais de 20 mil profissionais, com sede em Joinville e faturamento na casa de R$ 50 milhões. “Amadurecemos o processo de integração e geração de valor com nossas soluções. Temos uma série de processos diferentes, seja no funil de venda, geração de leads, melhores práticas e estamos criando iniciativas de coordenação e gestão”, detalha Smith sobre alguns aprendizados recentes.

Para reforçar essa estratégia, a Softplan fez uma captação de R$ 130 milhões com a sua primeira emissão de debêntures, recursos que serão utilizados no plano de expansão de curto prazo e futuras aquisições – a perspectiva é que sejam feitas mais 5 operações de M&A até o final 2024.

“Não é um ciclo curto e não estamos comprando carteira, queremos flexibilidade e gente que nos ajude a crescer. Ninguém entende mais de ponta de venda da indústria do que o time da Construtor de Vendas/CV (CRM adquirido no ano passado), e eles trazem esse conhecimento. A Projuris tem uma dimensão muito maior que a nossa, e a nossa gestão foi agregada a eles”, diz Smith, que já fazia parte do conselho de administração antes de ser nomeado CEO – o primeiro da história da empresa, que até então tinha uma gestão compartilhada entre os três sócios fundadores (Moacir Marafon, Carlos Augusto Matos e Ilson Stábile).

UM NOVO CONSOLIDADOR DO MERCADO?

Com quatro verticais de negócios (setor público, construção civil, jurídico, eficiência/produtividade) a Softplan atua em mercados com diferentes graus de maturidade de tecnologia – ao todo, são 10 mil clientes em todo o país e América Latina, com um total de 2,5 mil colaboradores. Segundo Smith, todos os negócios tem um “crescimento orgânico robusto, acima da média, em torno de 15% a 20%” e que a necessidade de adoção de processos tecnológicos garante uma expansão mesmo em ciclos econômicos ruins. O setor privado representa cerca de 40% da receita, enquanto os negócios voltados à transformação digital no setor público respondem por 60% do faturamento.

A perspectiva é que o mercado privado cresça de maneira ainda mais acelerada (50% neste ano e 70% em 2023), resultados das aquisições recentes. Essa conta é que dá segurança para estabelecer a meta do bilhão no faturamento em até dois anos.

“É tangível passar essa marca em 2024 em função dos investimentos que fizemos e outros que estão em nosso pipeline. Caminhamos para fazer parte de um cluster de empresas de médio/grande porte que são consolidadores do mercado. Vamos aprendendo a lidar com movimentos com maior ordem de grandeza. Fomos amadurecendo neste processo e seguimos com competência, mas também com sorte”, conclui… saiba mais em SC Inova 31/10/2022