Desde o IPO até o encerramento do primeiro semestre, os papéis que mais sofreram foram os da Locamerica, cuja queda foi de 11%

As ações de empresas que captaramrecursos neste ano na bolsa brasileira pela primeira vez apresentam, em sua maioria, desempenho inferior ao do Ibovespa. Desde a abertura de capital (todas em meados de abril), até 29 de junho, os papéis que mais sofreram foram os da locadora de automóveis Locamerica, cuja desvalorização foi superior a 11% no período.

 Parte desse movimento pode ser explicado pela maior aversão ao risco dos investidores estrangeiros, que participaram dessas operações e, diante do agravamento do cenário europeu, reduziram suas apostas no mercado local. “Empresas nas quais o investidor estrangeiro têm maior participação acabam sofrendo mais em momentos como estes. E na retomada do fluxo de recursos, a escolha é por papéis mais líquidos, como os da Petrobras e da Vale”, explica Anderson Rodrigues dos Santos, gestor de fundos multimercados da Daycoval Asset Management.

 A participação de investidores estrangeiros no IPO da Locamerica, o primeiro realizado este ano, foi de 46% do total de ações ofertadas, percentual muito semelhante ao da Unicasa, de 45%. O único a se diferenciar nesse cenário foi o BTG Pactual, que viu os estrangeiros adquirirem 68% dos papéis da oferta.

 “Muitos bancos coordenadores da oferta superestimam os indicadores das companhias. O cenário traçado nem sempre se confirma, levando os investidores a se desfazerem das ações”, diz Adriano Moreno, estrategista da FuturaInvest. “Mas isso não é exclusividade das operações realizadas este ano. Essa característica já havia sido observada nas ofertas realizadas nos últimos anos”, acrescenta.

 Pedro Galdi, estrategista chefe da SLW Corretora, lembra que os investidores também não gostaram do fato de o governo brasileiro intervir inúmeras vezes na economia. “O Brasil já não ocupa o posto de queridinho dos estrangeiros. A performance da BM&FBovespa no primeiro semestre só superou a das bolsas da Itália, Espanha e França. E grande parte desse movimento deve-se às medidas para reduzir o spread bancário e conter a valorização do real”, afirma Galdi.

 Perspectivas 

 Especialistas acreditam que outras empresas acessem o mercado acionário ainda este ano. O próprio presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, já declarou que espera que entre 40 e 45 companhias entre na bolsa em 2012. Mas ninguém se arrisca a dizer se o desempenho das estreantes será positivo no segundo semestre. “O cenário é favorável para o mercado acionário brasileiro. Mas é difícil afirmar se essas empresas, assim como as demais que farão ofertas de ações, apresentarão performance positiva”, afirma o estrategista da SLWCorretora. Por Vanessa Correia
Fonte: Brasil Econômico 04/07/2012