As agências on-line de viagens (OTAs, no jargão do mercado) MaxMilhas e 123milhas estão preparando a fusão de seus negócios, segundo confirmou a MaxMilhas nesta quarta-feira.

O modelo de negócio delas tem agitado o mercado ao trazer preços bastante competitivos para pacotes e passagens aéreas, mas tem sido alvo também de polêmicas como o cancelamento de pacotes na 123milhas, que levou a denúncias no Procon. E há os embates com as companhias aéreas para a venda de milhas — esse tipo de comercialização é vetado pelos programas de milhagens das aéreas.

“Com objetivo de expandir as operações e fortalecer a atuação em todo o mercado nacional, as empresas 123milhas e MaxMilhas estão formalizando a combinação de seus negócios”, disse, em nota. A notícia da fusão foi divulgada inicialmente pelo portal Neofeed. “As operações permanecerão independentes, sendo que ambas as marcas 123 Milhas e MaxMilhas serão mantidas”, acrescentou a nota.

Agências MaxMilhas e 123milhas negociam fusão

Fontes destacaram ao Valor que tanto a 123milhas quanto a MaxMilhas já estavam buscando investidores desde o ano passado, mas sem sucesso.

No lado da 123milhas, havia uma tentativa de abrir capital, o que levou a empresa a reduzir drasticamente sua margem e assim crescer de forma bastante significativa.

“É algo muito parecido com o que fez a Enjoei, a Dotz e a Méliuz e uma infinidade de empresas que ganharam mercado. Mas a 123milhas fez isso na hora errada. Ela é de turismo e com certeza não havia apetite do mercado para uma empresa de turismo [setor bastante castigado na pandemia]”, disse uma fonte do setor.

Havia ainda uma visão de que investidores poderiam ter receio ao investir nas duas companhias uma vez que uma das principais receitas é a comercialização de milhas — ação explicitamente proibida pelas aéreas nos programas de milhagens.

“Eles começam a perceber que principalmente por conta de ‘cashback’ e outras ferramentas, o cliente não vê mais milha como antes. Então eles estão cada vez mais migrando para o mercado de OTA clássico. Faz muito sentido as duas se unirem”, disse outra fonte.

Recentemente, aéreas têm elevado as barreiras para evitar a comercialização de milhas, como o limite de cinco CPFs para transferência no caso da Azul. A TudoAzul e Smiles, programa da Gol, lançaram esforços para punir esses usuários que comercializam as milhas, mas é um trabalho delicado, já que não é tão simples identificar de fato a comercialização.

Segundo fonte no setor aéreo, a pandemia ajudou esse tipo de plataforma a crescer. “As aéreas fizeram programas de bônus para manter o cliente, além de estenderem a validade das milhas. Vimos também o crescimento de quantidade de perfis nas redes sociais ensinando pessoas a ganhar dinheiro com milha”, disse esta fonte.

A visão do mercado é que, sem um investidor, o modelo de negócio passou a se tornar insustentável. Segundo fontes, a 123milhas terceiriza boa parte da produção. Ou seja, ela vende uma passagem a um cliente e repassa essa venda a outra agência maior, com crédito. Grandes grupos hoteleiros, por exemplo, oferecem uma certa quantidade de seu inventário a uma determinada agência como forma de evitar se expor a um único player.

“Com a pandemia, tem muita empresa usando esse modelo. Até porque tem muita empresa média e tradicional que não fazia, mas ficou sem dinheiro. É por isso que o negócio B2B tem crescido tanto no mercado”, disse uma fonte do mercado de agência de viagens… leia mais em Valor Econômico 12/01/2023