A Agrolend acaba de completar dois anos com dinheiro novo no caixa. Com a ambição de se tornar o primeiro banco digital do agro, a startup levantou mais US$ 27 milhões — o equivalente a R$ 145 milhões — para acelerar as concessões de crédito para agricultores.

A rodada é a terceira desde a fundação da agtech. Desta vez, o aporte foi liderado pela Lightrock, uma firma com foco em growth equity que já investiu em unicórnios como Creditas e frete.com e em startups conhecidas como Dock, Buser e dr. consulta.

Além de trazer a gestora europeia — a Lightrock nasceu com capital da família real de Liechtenstein —, a Agrolend também atraiu a Yara Ventures (braço de CVC da gigante norueguesa de fertilizantes) e a Mago Capital (veículo dos fundadores da Locaweb).

Os investidores que já faziam parte do cap table da Agrolend acompanharam a rodada, que veio com um aumento substancial no valuation. “Todos os institucionais acompanharam pro rata ou fizeram mais, e alguns até queriam investir mais do que teve espaço”, disse o cofundador André Glezer ao Pipeline.

Entre os investidores, estão gestoras como as brasileiras SP Ventures e Barn, especializadas em investimentos em agtechs, Provence Capital (firma de Leopoldo Figueiredo, o ex-Hedging-Griffo que já investiu no Gympass), Valor Capital e Continental Grain.

Com os recursos da rodada, a Agrolend ganha poder de foco para emprestar mais aos agricultores. Ao levantar mais capital, a startup ampliou o patrimônio líquido para R$ 220 milhões (a companha já contava com cerca de R$ 75 milhões de capital em caixa).

A carteira da agtech deve fechar o ano em R$ 250 milhões, o que já a deixava próxima dos limites de que se impôs para os níveis de capital. “Com uma alavancagem conservadora, poderia fazer R$ 350 milhões a R$ 400 milhões de carteira, mas estou emprestando R$ 40 milhões por mês e rapidamente extinguiria nossa capacidade”, explicou.

Agora, “com um patrimônio de R$ 220 milhões, dá para fazer de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões de carteira”, ressaltou André, que criou a agtech ao lado do irmão Alan e dos sócios Valéria Bonadio, Carlos Fagundes e Leopoldo Vettor.

Aos poucos, a Agrolend também vem diversificando as fontes de funding. Com uma licença de (Sociedade de Crédito Direto) do Banco Central, a startup utilizou majoritariamente a estrutura de FIDCs até aqui, levantando recursos em casas como Itaú Asset, Verde e Augme.

A ideia é emitir LCAs nas plataformas de investimentos, o que garante um custo de capital mais baixo. Para isso, a Agrolend aguarda a licença do Banco Central para se tornar a primeira financeira de crédito rural — o pedido foi protocolado no BC e a expectativa é conseguir a aprovação no primeiro semestre do próximo ano.

A captação via LCAs vai permitir à Agrolend buscar um Retorno sobre Patrimônio (ROE) da ordem de 25%, um patamar que já grandes bancos conseguem. Atualmente, a startup já está no breakeven, mas a margem ainda é bem pequena porque o custo de capital na emissão de FIDCs ainda é alto, disse Alan.

Na captação de recursos via FIDC, a Agrolend paga CDI + 5 ao ano. “Tendo em vista o atual nível da Selic, é muito alto”, diz ele. Quando tiver a licença de financeira, a startup conseguirá captar próximo do ‘CDI careca’ uma vez que os investidores que aplicarem nos títulos de crédito da companhia terão a vantagem da isenção de imposto de renda.

Para os agricultores, a oferta de crédito da Agrolend representa um custo igual ou mais barato que o barter (forma pela qual tradings, revendas e fabricantes de defensivos e fertilizantes oferecem crédito para os produtores, trocando insumos por commodities com uma taxa de juros embutida)… leia mais em Pipeline 08/11/2022