Três veteranos do mercado de investimentos em inovação acabam de criar a Alya Ventures, uma espécie de butique para o universo de corporate venture capital (CVC), como são chamados os fundos criados por empresas para investir em startups normalmente correlacionadas a seu negócio. A firma quer atuar desde o planejamento estratégico, definição da tese e do melhor veículo de investimento até a ponte com as startups, aportes e desinvestimento – um misto de consultoria estratégica e assessoria financeira.

Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, e Robertta Mota, que esteve à frente do fundo Criatec, do BNDES, uniram-se à FCJ Venture Builder, de Paulo Sergio Justino, com a expectativa de movimentar R$ 1 bilhão em negócios nos próximos três anos.

“É um ecossistema que depende muito de relação pessoal e também de conhecimento sobre as interfaces entre as corporações e as startups”, diz Spina. “As empresas muitas vezes têm interesse, vontade e capital para fazer inovação aberta, mas não têm o know-how. Essa lacuna é muito grande e a curva de aprendizado leva muito tempo, daí o espaço para o nosso trabalho.”

Alya quer ser a butique dos CVCs

Cada um com mais de uma década de trajetória na área, o trio soma um portfólio de 75 cases com mais de R$ 300 milhões transacionados em investimentos de inovação e quer atrair talentos com um modelo de venture partner.

Sócio majoritário da Alya, Spina empreendeu cedo e foi um dos pioneiros em investimento-anjo no país, fundador da Anjos do Brasil. Também Justino é uma referência no ramo, coordenando mais de 60 projetos de inovação para grandes corporações, inclusive no exterior. Mota conduziu investimentos do BNDES e do BNB na região Nordeste entre 2009 e 2016.

Ajudando a estruturar projetos como o Next Floor e o Cyrela Ventures, a plataforma de inovação e o CVC da incorporadora Cyrela, Spina percebeu que a chave para o investimento de inovação estava não só no match entre boas iniciativas e empreendedores e o capital, mas em trabalhar a estrutura da companhia investidora da porta para dentro – para propor desafios e aplicar o fruto da inovação.

“É muito importante ter um modelo que seja capaz de capturar as sinergias, caso contrário o investimento perde o sentido. O grande desafio é encontrar as startups que se adequem aos projetos, mas a gente faz um trabalho de ponta a ponta, que é também geográfico”, complementa Mota.

Desde que os fundos de venture capital mais tradicionais começaram a recuar, o mercado anda aquecido. Números da Startse estimam que em 2021 os fundos de CVC no país movimentaram mais de US$ 620 milhões. Em 2022, de acordo com o Startupi, as 13 empresas listadas em bolsa que criaram seus CVCs aportaram mais de R$ 3 bilhões nesses programas. E o apetite segue firme: em levantamento da Abvcap do fim do ano passado, 83% das companhias entrevistadas afirmaram ter iniciativas de inovação com orçamento disponível de pelo menos R$ 50 milhões cada…. leia mais em Pipeline 20/04/2023