O grupo americano Liberty está a estudar a saída de Portugal, segundo noticiou a agência Bloomberg. Além de Portugal, a seguradora deixará os negócios de Espanha e de Irlanda, podendo encaixar mil milhões de euros.

A agência de informação financeira escreve que a Liberty contratou o Bank of America para estudar as possibilidades de desinvestimento, adiantando, com base em fontes anónimas, que o negócio poderá estar avaliado em cerca de mil milhões de euros.

A Liberty está presente em Portugal através da Liberty Seguros, o braço europeu da americana que opera em Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte. Será essa divisão que está à venda.

Ao Expresso, o grupo Liberty Seguros não quis fazer comentários – tal como a Liberty nos EUA não respondeu ao contacto da Bloomberg.

Após promessas de aquisições americanos da Liberty
Imagem: Facebook/Liberty Seguros

A saída do país contraria a posição assumida em agosto deste ano pela Liberty Seguros, numa entrevista do seu presidente, Juan Miguel Estallo, em entrevista ao Expresso: “Há apetite para comprar”. O grupo mostrava-se com vontade de crescer de forma inorgânica, porque não via forma de expandir-se apenas pelo próprio negócio. Porém, apesar desse apetite, “não” havia “muitas oportunidades”. E, agora, há a possível saída.

O seu antecessor, Tom McIlduff, também referiu, em 2020, o compromisso com o país: “Estamos a fazer aposta de longo prazo em Portugal”.

UMA EMPRESA A PERDER PESO

No fim de 2021, a Liberty Seguros tinha uma quota de 2% no mercado segurador nacional (prémios de 261 milhões de euros), sendo a 13.ª companhia, dois lugares abaixo do ano anterior.

O grupo atua no país quase exclusivamente no ramo não-vida, com o foco nas vertentes automóvel e lar, em que a quota sobe para 3,9%; é a sexta empresa nesse ramo, de acordo com os dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Recuando alguns anos, por exemplo até 2017, a Liberty estava entre as dez maiores companhias em Portugal, chegando a estar na sétima posição.

O grupo passou por mudanças nos últimos anos. Em 2018, os americanos decidiram que a Liberty iria deixar de estar presente no país com uma empresa de direito nacional, sendo absorvida por Espanha: a referida Liberty Seguros.

Desde aí, já houve fecho de escritórios no país e o quadro de pessoal também emagreceu. Eram 370 trabalhadores no fim do ano passado, menos 50 que em 2019.

A Bloomberg lembra que a saída da Europa é uma tendência dos seguradores americanos. Entre os maiores grupos seguradores em Portugal os EUA não têm uma posição significativa: a maior seguradora é detida por capitais chineses (Fidelidade, da Fosun), havendo presença de capitais belgas (Ageas, Ocidental), italianos (Generali), ingleses (GamaLife, da Apax Partners), espanhóis (BPI e Santander), alemães (Allianz) e ainda portugueses (Lusitania)… leia mais em Expresso 24/11/2022