O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (27), por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1,50 ponto percentual, para 7,75% ao ano.

Essa foi a sexta vez consecutiva que o comitê subiu a taxa básica de juros, que chega ao seu maior patamar desde setembro de 2017 e também foi a maior elevação na taxa básica de juros desde dezembro de 2002, quando houve aumento de 3 pontos da Selic, a 25% ao ano.

A autoridade monetária também destacou antever um outro ajuste da mesma magnitude na próxima reunião, em dezembro, em meio ao ambiente de deterioração fiscal e elevação da inflação.

O BC destacou que, se por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico, por outro lado “novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país”.Banco Central do Brasil

“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, escreve a autoridade monetária, no comunicado divulgado após a decisão.

Assim, considerou que, neste momento, “o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista”, ressaltou, avaliando que, para a próxima reunião, antevê outro ajuste de 1,5 ponto.

Cabe ressaltar que, diferentemente das últimas duas reuniões do Copom, em que o mercado financeiro tinha expectativa unânime de alta de um ponto da Selic, desta vez as apostas não tinham uma direção única com relação à magnitude do aumento.

Grande parte do mercado, contudo, projetava o aumento de 1,5 ponto diante do aumento das incertezas no ambiente doméstico e da forte pressão inflacionária, que já ultrapassa os dois dígitos, em 10,25% no acumulado em 12 meses até setembro.

Algumas casas, inclusive, estimavam altas ainda mais acentuadas para o encontro desta quarta diante do cenário de maior aversão ao risco, em meio à deterioração fiscal com o drible no teto de gastos.

A decisão de hoje veio acima do projetado por economistas consultados pelo relatório Focus, do BC, mais recente, que estimavam aumento de 1,25 ponto percentual, para 7,50% ao ano. Na divulgação, as apostas recaíam sobre Selic a 8,75% em dezembro deste ano, chegando a 9,50% ao ano no fim de 2022.

Contribuiu para uma aposta mais altista da Selic os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (26), com alta de 1,20% em outubro frente setembro, na maior variação para o mês desde 1995. O número também veio acima do esperado por economistas consultados pela Refinitiv, de alta de 0,97% na base mensal.

Agora, analistas seguem de olho nos próximos passos da autoridade monetária, já atentos a 2022, principalmente em um cenário em que as projeções do mercado são de que a inflação siga pressionada, enquanto algumas casas já falam em Selic acima de 10% no próximo ano… InfoMoney Leia mais em indicesbovespa 27/10/2021