Diante do avanço da violência entre as torcidas e dos problemas com cambistas, os maiores estádios do país têm procurado sistemas mais complexos de controle de acesso. A biometria é a bola da vez: com a aprovação da Nova Lei Geral do Esporte, essa tecnologia passou a ser obrigatória na entrada de arenas com capacidade de público superior a 20 mil pessoas. Projetos como o do Allianz Parque e da MRV Arena têm chamado a atenção do mercado, atraindo investimentos.

Com um sistema que cadastra usuários pela biometria facial, já no momento da compra do ingresso, a BePass acaba de levantar R$ 3 milhões em sua rodada seed. Entre os investidores da rodada estão um fundo da OutField e a Ingresse, de venda de ingressos.

A startup foi a responsável por implementar o sistema no Allianz Parque, que se tornou o primeiro estádio no mundo a autorizar acesso somente por biometria facial — desde o fim do ano passado, a plataforma já cadastrou mais de 400 mil pessoas nesta operação. Com a tecnologia da BePass, as catracas da arena do Palmeiras mais que dobraram a velocidade da verificação, admitindo 18 pessoas por minuto (contra sete anteriormente).

Contra cambista e violência biometria facial chega aos estádios — e atrai investidores

Há pouco mais de um ano na ativa, o negócio nasceu depois que o fundador, Ricardo Cadar de Almeida, deixou a sociedade na Biomtech — também de biometria facial, mas mais focada na administração pública, prestando serviços para polícia federal, governos e tribunais de justiça. Fã de esportes de olho nos problemas que os estádios vinham enfrentando, o executivo resolveu fundar uma startup especializada no segmento para aplicar os conhecimentos que adquiriu desde 2016 neste mercado.

“Eu sempre fui muito ligado a futebol e pensava numa forma de mudar a experiência do torcedor ao entrar no estádio. Não só em termos de conforto, existe uma questão de segurança. Ao contrário de um código de barras ou mesmo o QR code, a face não pode ser vendida nem trocada”, conta Almeida.

Depois do sucesso do piloto, a BePass planeja levar sua tecnologia para fora do país. Em visita recente à Europa, o CEO visitou grandes times na Inglaterra, na Espanha e em Portugal, onde já testou a solução. Em maio, a plataforma foi responsável pelo controle de acesso de um jogo no estádio do Sporting, contra o Benfica.

Mas a BePass não está sozinha nesse jogo. Também especializadas no segmento, empresas como Unico e TopData oferecem biometria facial há mais tempo, embora mais focadas no mercado corporativo. Uma concorrente mais direta, no entanto, é a Imply.

Há mais de 20 anos no mercado, a Imply tem apostado no segmento e já atua com controle de acesso em estádios no Uruguai, Chile, Paraguai e no Marrocos. Também em preparação para expandir os negócios a nível internacional, a veterana deve manter o foco na América Latina. Recentemente, a companhia ganhou uma concessão de três anos para atender a federação venezuelana.

O core business da Impy, na verdade, não é esse. A companhia atua com terminais de autoatendimento — para clientes tão relevantes quanto o Metrô de São Paulo, a Sanepar e a Celesc —, painéis gigantes — para a CCR, em rodovias, e no estádio do Morumbi, por exemplo —, e até pistas de boliche digitais — brinquedo que caiu na graça de estrelas da bola, como Neymar e Cristiano Ronaldo, que têm unidades instaladas em suas mansões. Considerando todas as operações, o grupo atua em nada menos que 120 países.

Apesar da origem gaúcha, com sede em Santa Cruz do Sul, a Imply desenvolveu o primeiro projeto de biometria facial no hermano Chile. Em 2012, o Projeto Estádio Seguro levou a empresa brasileira a instalar 30 catracas em contêineres para identificar os visitantes com base no RUT, espécie de cadastro único digital do governo local onde constam todas as informações de identidade de um cidadão. O projeto serviu de inspiração para os passos seguintes…. leia mais em Pipeline 19/07/2023