As movimentações no mercado brasileiro de ativos digitais não páram, apesar do momento de baixa no preço das criptomoedas. Recentemente, a Zater Capital, empresa especializada em negociações de grandes volumes de Bitcoin (OTC), foi comprada pelo Grupo Bitcoin Banco, que fez um aporte de R$20 milhões na aquisição.

A Zater Capital tem o foco em negociações de clientes que movimentam valores acima de 100 bitcoins e possui uma plataforma digital que pode ser acessada através de um aplicativo (disponível para iOS e Android).

O Criptomoedas Fácil entrou em contato com a vice-presidente do Grupo, Heloísa Ceni, que concedeu uma entrevista exclusiva sobre a aquisição da Zater e os planos futuros da empresa.

Criptomoedas Fácil: Como surgiu a ideia da compra da Zater?

Heloísa Ceni: O mercado de criptomoedas está evoluindo rapidamente no Brasil e com ele o nicho de traders profissionais. Como qualquer mercado competitivo, é essencial manter-se atualizado e em constante – e rápida – evolução. Concluímos que seria mais pertinente unir-se a uma empresa que já tivesse esse know-how tecnológico do que desenvolvê-lo do zero. Ao analisar as exchanges já existentes no mercado constatamos que a Zater possuía a melhor tecnologia para segmento de usuários. Então deu-se início às tratativas entre os sócios e seus respectivos departamentos jurídicos e o acordo foi fechado dentro de poucas semanas.

Além do material tecnológico oriundo da Zater uma das grandes apostas nessa aquisição é a vivência de Fernando Zanatta, nome de peso no comércio varejista eletrônico. Zanatta esteve à frente de gigantes da América Latina como Netshoes, Dafiti e Buscapé. A experiência do novo sócio agrega grande valor às estratégias que serão anunciadas em breve pelo Grupo Bitcoin Banco.

CF: Haverá alguma integração entre as plataformas da Zater e da NegocieCoins ou ambas continuarão como empresas diferentes?

HC: A princípio, manteremos as empresas com as mesmas propostas. As duas exchanges tem qualidades campeãs no mercado de criptomoedas: melhor atendimento e melhor tecnologia. Sendo assim, em breve a expertise de uma passará a incorporar a outra. Porém, ambas manterão suas identidades corporativas separadas. Também estamos finalizando um projeto inédito para os usuários de criptomoedas que atenderá ambas as exchanges e que divulgaremos em breve.

CF: Como o Bitcoin Banco vê o volume do mercado brasileiro para transações em mercado OTC? Vocês acreditam que existe um mercado nacional voltado para compras em maior volume?

HC: O Grupo Bitcoin Banco é uma empresa jovem, existimos há pouco mais de um ano e nossas transações em P2P têm crescido surpreendente. Um dos fatores que impede um crescimento exponencial ainda maior é a dificuldade em se adquirir criptomoedas em grande volume. Portanto, afirmamos que existe sim um mercado OTC voltado para compras em grande volume. O que não há são detentores de moedas em grande escala dispostos a comercializá-las.

CF: Existem planos de inclusão de compras de outras criptomoedas no OTC? (Decred, Ether, Litecoin, etc)

HC: Sim, principalmente Litecoin. Estamos abrindo para o mês de junho nosso OTC de Litecoin, tanto na NegocieCoins quanto na Zater.

CF: Com a abertura de uma agência física de negociações, podem surgir preocupações quanto à segurança dos recursos e também dos investidores, de forma semelhante ao que ocorre com saques em bancos? Como o Bitcoin Banco pretende mitigar esses possíveis riscos?

HC: Garantimos a segurança – tanto física quanto virtual – de nossos colaboradores e clientes com grandes investimentos. Monitoramento 24hs, treinamentos em stand de tiros, localização em edifícios com moderno sistema de segurança, contratação de seguranças, desenvolvimento de pagamentos condicionada à autorização de diversas pessoas, leituras biométricas além de constantes consultorias com especialistas do mercado financeiro tradicional, entre outros. Esses são alguns dos métodos utilizados para garantir a segurança física de nossos colaboradores e clientes.

Para a segurança de dados, temos backup a cada 15 minutos da base de dados que é criptografada e salva em lugar seguro. Em todo novo endereço de carteira de criptomoedas, a chave privada também é criptografada e salva de forma segura. Para segurança dos saldos dos clientes, em toda retirada em criptomoedas é obrigatória a autenticação em dois passos, entre outras medidas aplicadas.

CF: A compra de uma empresa especializada em clientes mais experientes e com maior volume de negócios pode indicar que o Bitcoin Banco pretende dar um foco maior a esse cliente? Ainda há planos de permitir abertura de contas aos pequenos investidores?

HC: manteremos o foco nos pequenos investidores. Não é o valor do investimento que mensura a importância do cliente para o Grupo Bitcoin Banco. Trabalhamos com pessoas antes de trabalhar com números. É a aceitação ou não dessas pessoas que fará com que as criptomoedas tornem-se a “moeda do cafezinho”, como idealizado por Satoshi Nakamoto.

O objetivo em ser parte de uma exchange destinada a clientes mais experientes faz parte da estratégia de expansão do Grupo Bitcoin Banco. Temos conhecimento de que uma exchange pode ser ótima para uns e pode não ser para outros. Isso porque o nível de conhecimento e suas necessidades são diferentes. Sendo assim, a participação da Zater no Grupo Bitcoin Banco corrobora com essa estratégia. Por Luciano Rocha –  Leia mais em criptomoedasfacil 19/06/2018