Popularização: Previsão de alcançar 5 milhões de pessoas físicas aplicando em ações passou de 2014 para 2018.

Diante do recente agravamento da crise internacional que levou a bolsa brasileira a recuar para os menores níveis desde abril de 2009, a BM&FBovespa jogou a toalha e decidiu rever a ambiciosa meta de atrair até cinco milhões de pessoas físicas para o mercado de ações até o fim de 2014. O número foi mantido, mas o prazo agora passou para 2018.Apesar dos esforços da bolsa, que incluíram desde programas educacionais até uma campanha publicitária estrelada por Pelé, o número de investidores pouco evoluiu desde o ano passado, quando o objetivo foi estabelecido. No final de julho, eram 598.233 contas no mercado de ações, o equivalente a apenas 12% da meta.

Na avaliação do diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, o fraco desempenho recente da bolsa tem dificultado a entrada de novos investidores. “Esperávamos um crescimento mais lento no começo, mas esse atraso tende a criar um efeito cumulativo que prejudica o cumprimento da meta”, avaliou.

Edemir atribuiu a queda das ações brasileiras ao processo de elevação dos juros, que desestimula os investimentos em renda variável, às medidas do governo para conter a queda do dólar, como a cobrança de 2% de IOF sobre a compra de papéis por estrangeiros, e às preocupações do mercado com uma maior intervenção estatal em empresas como Petrobras e Vale.

Para o presidente da BM&FBovespa, a desvalorização das ações proporciona uma ótima oportunidade de compra, mas apenas para aqueles investidores mais familiarizados com o mercado.

Apesar da projeção menos otimista, Edemir destacou que os investidores não deixaram a bolsa nos últimos dias, marcados pela forte volatilidade nos mercados. “Esse é um sinal de amadurecimento da pessoa física”, afirmou.

A turbulência nos mercados também levou a bolsa a optar por não fixar mais uma meta para as ofertas de ações este ano. Inicialmente, a BM&FBovespa estimava que elas alcançariam R$ 55 bilhões em ofertas iniciais (IPO) e subsequentes (“follow-ons”).

Mas a bolsa optou por manter a projeção de atrair 200 novas empresas até o fim de 2014. “Como houve 15 aberturas de capital desde que anunciamos a meta, agora faltam 185”, disse Edemir.

Durante entrevista coletiva para apresentar os resultados do segundo trimestre, a BM&FBovespa fez uma defesa de sua política de tarifas, que estaria em níveis similares às dos mercado internacional. A bolsa promoveu um realinhamento na tabela de preços, com efeito neutro para o investidor, para facilitar essa comparação. Segundo Edemir, a isenção da taxa de custódia para o investidor pessoa física continua em estudo pela bolsa.

Fonte:ValorEconômico11/08/2011