O Brasil está vendo uma alta nos investimentos realizados em startups. Só em outubro deste ano, foram 32 aportes realizados e mais de US$ 180 milhões movimentados no País. Mas, na contramão deste movimento, estão as startups que buscam independência.

Este movimento, chamado no jargão do empreendedorismo de bootstrap, representa as startups que operam sem nenhum tipo de auxílio externo. Ou seja: sem venture capital, sem fundos de investimento, sem rodadas de aportes. Tudo sai do bolso da própria startup.

“Este é um movimento saudável que tem acontecido no mercado e que mostra que as empresas não devem depender só de capital”, diz Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). “É uma tendência que ganha força, inclusive no Brasil”.

Com as próprias pernas

Segundo startups consultadas pela reportagem do Yahoo Finanças, o motivo mais citado para evitar investimentos é a independência possível de ser alcançada. Sem outros sócios, que não os fundadores, a startup se torna mais livre pra tomar as mais diferentes decisões.

Além disso, pessoas de fora, geralmente, possuem uma visão diferente dos empreendedores. Os primeiros são mais pragmáticos e buscam saídas para vender as startups mais rapidamente. Os segundos, enquanto isso, são mais românticos e passionais.

A fintech de pagamentos PagBrasil, por exemplo, nunca nem cogitou receber um investimento. No azul desde o primeiro mês de operação, a startup continua sendo gerida pelos sócios Ralf Germer e Alex Hoffman diretamente do escritório no Rio Grande do Sul.

Ao ser questionado sobre essa fuga para receber um investimento, o alemão Ralf Germer vai direto ao ponto: “nós não precisamos. Eu e o Alex sempre fomos conscientes de nossos serviços e nossos objetivos. Por enquanto, podemos fazer sozinhos, sem capital externo”.

Assim, a PagBrasil é líder no setor de processamento de pagamentos para e-commerces e tem crescido com soluções para desbancarizados. O Boleto Flash, que confirma pagamento em menos de duas horas; e o PEC Flash, para compras digitais com dinheiro físico.

“Temos mais liberdade e calma para desenvolver nossas soluções, que recebem updates frequentes e conta com times dedicados”, contextualiza Germer, visivelmente orgulhoso de suas conquistas. “Por enquanto, não vamos procurar receber qualquer tipo de aporte”.

Atenção ao mercado

No entanto, vale ressaltar que este tipo de decisão não vale para todo tipo de startup ou de empreendedor. “Empreender é caro”, contextualiza Amure Pinho, da ABStartups. “O empreendedor precisa ter o caminho muito claro para evitar surpresas e poder bancar isso”.

A Squid, startup de marketing digital com influenciadores, seguiu esse conselho logo no começo de sua jornada, há cinco anos. Os sócios buscaram uma rodada de investimentos para alavancar o negócio, mas acabaram desistindo de tudo no meio do caminho.

“A gente fechou alguns negócios grandes e percebemos que poderíamos levantar o dinheiro do investimento com recursos próprios”, afirma Felipe Oliva, sócio e CSO da empresa. “Percebemos que, às vezes, falta criatividade na hora de buscar os recursos”.

Hoje, caminhando com as próprias pernas, a startup já conta com 50 funcionários e espera faturar R$ 25 milhões em 2019, três vezes mais do que no ano passado. Além disso, são 1,5 mil campanhas para mais de 400 anunciantes como Natura, Magazine Luiza e Pandora.

Já a startup Ramper, que fornece uma plataforma de prospecção digital de vendas B2B, olha para os investimentos de maneira crítica, mas aberta. Afinal, a empresa, fundada em 2016, recebeu uma rodada para alavancar a tração inicial da startup e atingir todo o mercado.

Ricardo Corrêa, CEO da empresa, afirma que é preciso ter consciência sobre o dinheiro.

“A startup até pode ter investimento. Mas é importante operar de forma autônoma para entender seu funcionamento”, diz. “Venture capital é dinheiro caro. Só operar com rodadas em cima de rodas é arriscado. É como sentar num barril de pólvora. Uma hora explode”… Leia mais em yahoo 10/12/2019

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