A Air BP deve levar todos os ativos de combustível de aviação da Raízen que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ordenou que Shell vendesse no final de julho de 2011. A Raízen é uma joint venture entre Cosan e Shell, cada uma com participação de 50%.

A Air BP – empresa de combustível de aviação da gigante britânica BP – e a Raízen firmaram uma carta de oferta vinculante condicional, que foi registrada no Cade. O parecer favorável à negociação do Cade deve ser divulgado nos próximos dias.

Segundo já havia informado a Agência Estado, a BP era mesmo considerada uma das potenciais compradoras dos ativos da Raízen. O negócio está estimado entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões. Procurada, a Raízen não se pronunciou sobre o assunto. Porta-vozes da BP não foram encontrados para comentar.

Os ativos que estão sendo adquiridos pela Air BP são compostos pela Jacta Participações que originalmente pertenciam à Esso. Comprados pela Cosan, foram revendidos para a Shell em 2009, antes da criação da joint venture entre as duas empresas. Com a criação da Raízen, o Cade constatou concentração de ativos e ordenou a venda de parte da operação em sete aeroportos brasileiros em um prazo de 90 dias. Esse prazo expirou no final de outubro.

Com a aquisição, a Air BP passaria a participar do abastecimento de sete aeroportos: Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Pampulha (MG), Afonso Pena (PR), Viracopos (SP), Guararapes (PE), Juscelino Kubitschek (DF) e Afonso Pena (PR). No Aeroporto de Guarulhos, a Air BP deve ficar com os 14% da participação conjunta que a Cosan e a Shell detinham na operação. No Galeão, a participação a ser vendida é de 13% e, em Recife, de 18%. Nos demais aeroportos, o comprador leva o direito sobre as áreas dos postos de abastecimento, segundo a sentença do Cade.

Mercado. A expectativa é de que, com a concretização da operação, a BR Distribuidora fique com cerca de 60% do mercado, a Shell com 25% e a Air BP com 15%. Antes da formação da Raízen, a Shell detinha 30,8% do mercado de querosene de aviação e a Cosan, 10,7%.

Mesmo com a venda dos ativos determinados pelo Cade, a Raízen continuará operando nos sete aeroportos em que venderá parte de sua participação. A estratégia da empresa, detalhada em entrevista recente do vice-presidente comercial da Raízen, Luis Henrique Guimarães, revela que o plano da companhia para o mercado de querosene de aviação é de concentrar sua expansão em outros aeroportos, especialmente regionais e de aviação executiva’, disse ele.

Atualmente, a Raízen está presente em 53 aeroportos e a expectativa é de estar em 70 em dois anos. Em 2011, a empresa começou a operar em dois novos aeroportos, Palmas e Araguaina, cujos postos ainda estão em construção.

O consumo de querosene de aviação foi de 6,25 bilhões de litros em 2010, ante 5,43 bilhões de litros no ano anterior. A expectativa é de que em 2011 este mercado registre um crescimento de 12% para 7 bilhões de litros, de acordo com média de expansão registrada entre os meses de janeiro a outubro, que ficou em 12%. Em 2011, entre janeiro e outubro, o consumo de querosene de aviação foi de 5,7 bilhões de litros. No Brasil, o custo do querosene de aviação representa entre 35% a 40% dos custos totais das empresas aéreas. Por EDUARDO MAGOSSI,
Fonte:estadao13/12/2011