O Brasil registrou 513 operações de fusões e aquisições de empresas no primeiro semestre de 2020, uma queda de 5,5% na comparação com o mesmo período de 2019, quando haviam sido realizadas 543 operações dessa natureza.

Os dados são de um estudo do escritório brasileiro da consultoria global KPMG, divulgado com exclusividade pelo Valor Investe. Segundo a empresa, “a queda é considerada pouco expressiva se considerado o cenário de negócios atípico decorrente da covid-19”.

Já no detalhamento trimestral, o segundo trimestre, com 228 fusões e aquisições, registrou queda de 20% na comparação com o primeiro trimestre (285 transações), o que pode se explicar pelo fato de o primeiro quarto do ano não ter sido inteiramente impactado pela pandemia do novo coronavírus, cujos efeitos mais fortes – principalmente o isolamento social e o fechamento do comércio – começaram em março.

Além disso, é possível que os números no terceiro e no quarto trimestre ainda venham mais baixos do que nos mesmos períodos do ano passado, como efeito retardado da covid-19, explica Luis Motta, sócio-líder da área de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil.

“Os dados evidenciam que o mercado brasileiro está enfrentando os impactos da pandemia com dificuldades, mas também com resiliência. No entanto, como esse tipo de transação demora meses para ser concretizada, os impactos da pandemia ainda devem repercutir”, afirmou.

O estudo detalhou ainda os tipos de fusões e aquisições realizadas no país no primeiro semestre:

368 operações domésticas (entre empresas de capital brasileiro), alta de 8,2% na comparação com 2019;
124 operações CB1 (empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresas no Brasil);
13 operações CB2 (empresa de capital majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa no exterior);
1 operação CB3 (empresa de capital majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa no Brasil);
7 operações CB4 (empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa no Brasil), e
nenhuma operação CB5 (empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa no exterior).
Efeitos distintos sobre diferentes setores
A análise setorial das operações durante a pandemia mostra que os dados econômicos e as incertezas sobre o futuro afetaram de maneira diferente as intenções de compra ou fusão entre empresas de distintos segmentos da economia.

Alguns setores tiveram altas no total de transações. As companhias de internet, por exemplo, viram as fusões e aquisições crescerem de 116, no primeiro semestre de 2019, para 149 no mesmo período deste ano, uma alta de 28,4%.

Na sequência apareceram os setores de tecnologia da informação (61 operações tanto em 2020 quanto em 2019), real estate (de 38 em 2019 para 39 em 2020, alta de 2,6%), hospitais e laboratórios de análises clínicas (de 29 para 31, alta de 6,8%) e serviços para empresas (de 17 para 20, alta de 17,6%).

Já outros setores viram queda nos totais de transações, como energia (29 para 22, queda de 24%), mídia e telecomunicações (de 24 para 13, menos 45,8%) e alimentos, bebidas e fumo (de 22 para 19, queda de 13,6%). Fonte: Valor Investe Leia mais em fortunatoconsultoria 05/09/2020