Em meio à crise econômica já enfrentada pelo mercado fashion, grupos e marcas dão continuidade às negociações

Mesmo marcado pela pandemia de coronavírus, ao longo do ano de 2020 ocorreram diversas movimentações no lado business da indústria da moda. Entre os momentos mais relevantes estão a venda da Victoria’s Secret e a aquisição da Tiffany & Co. pelo grupo LVMG. Mas não acaba aí: o universo fashion também foi envolto por inúmeras atividades comerciais. Para recapitular as principais notícias nos últimos 12 meses, a coluna relembra algumas das mais impactantes, em clima de retrospectiva.

Forever 21

A marca queridinha pelos millennials foi vendida em fevereiro a proprietários de uma rede de shoppings. A cadeia de fast fashion encanta seus consumidores mundo afora, por entregar produtos que estão na moda a preços acessíveis, incluindo acessórios e objetos para o lar. Desde setembro de 2019, entretanto, a empresa começou a deixar os fashionistas assustados após solicitar processo de recuperação judicial.No início deste ano, a Forever 21 encontrou uma saída para a severa crise financeira, ao negociar acordo de venda com os grupos Simon Property, Brookfield e Authentic Brands. A proposta foi aceita no dia 11 de fevereiro pelo juiz Kevin Gross, do Tribunal de Falências dos EUA.

“O acordo permitirá à Forever 21 sair da falência, mantendo sua sede, lojas e operações on-line abertas, fornecendo modas e tendências que os clientes conhecem e amam para os próximos anos”, alegou a loja de fast fashion, em comunicado.

A negociação é similar à aquisição da multinacional Aéropostale pela Simon, em 2016. A loja de varejo tinha decretado falência e os ativos da etiqueta americana foram arrematados em leilão, por um consórcio liderado pelas mesmas empresas operadoras de alguns shoppings centers. Atualmente, a Aéropostale tem 350 lojas e planos de expansão no mercado canadense.

Após pedir recuperação judicial em setembro de 2019, a varejista negociou um acordo de venda

Um consórcio liderado pelos grupos Simon Property, Brookfield e Authentic Brands ofereceu US$ 81 milhões pelos ativos da varejista
No dia 11 de fevereiro, o Tribunal de Falências dos EUA aprovou a venda da Forever 21

A sede, as lojas físicas e o e-commerce vão continuar as operações de venda, segundo comunicado feito pela marca

Victoria’s Secret

Considerada uma das marcas de lingeries mais famosas do mundo, a Victoria’s Secret protagonizou inúmeras polêmicas em 2019, que culminaram em uma queda nos negócios da empresa, além da enxurrada de críticas virtuais.

Na tentativa de retomar os negócios, a empresa de fundo de investimento Sycamote Partners adquiriu 55% da grife, em fevereiro – detém US$ 525 milhões em negócios, dentro do US$ 1,1 bilhão que a marca vale. Assim, a empresa passa a ter capital fechado; os 45% restantes continuam sob o comando da L Brands.

Dois meses depois, e com a chegada da Covid-19, a Sycamore sinalizou o interesse em cancelar o negócio, alegando que termos assinados em contrato foram descumpridos pela grife de lingeries, como o fechamento de lojas nos EUA, desligamento de funcionários e pendências de aluguéis.

No final de abril, a empresa de private equity abriu processo solicitando pausa na transação. A ação resultou na queda de mais de 20% das ações da Victoria’s Secret.

Em novembro, a companhia L Brands retornou às manchetes com o anúncio de seu novo CEO, Martin Waters, substituindo John Mehas, que assumira o cargo em fevereiro de 2019. No mesmo comunicado, outras funções também foram noticiadas: Laura Miller, por exemplo, virou diretora de recursos humanos da marca; Becky Behringer, o novo vice-presidente executivo de vendas e operações para a América do Norte; enquanto Janie Schaffer entrou para a direção de design da Victoria’s Secret Lingerie.

Victoria’s Secret foi fortemente criticada por falta de diversidade
55% da empresa foi vendida a Sycamore Partners

Dois meses depos, a empresa de fundo de investimentos entrou com pedido de cancelamento da compra, alegando que termos do contrato foram descumpridos

Victoria’s Secret tem um novo CEO: Martin Waters está à frente da função, substituindo John Mehas

Tiffany & Co.

Outra negociação que rendeu desdobramentos foi a venda do legado azul da Tiffany & Co. No decorrer dos meses, o grupo LVMH passou por etapas durante as negociações, a fim de finalizar a disputa legal entre as empresas. A joalheria norte-americana decidiu aceitar a oferta mais baixa que a oferecida anteriormente e bater o martelo nas negociações.

Em outubro, a holding francesa sugeriu tirar cerca de US$ 425 milhões de seu preço de aquisição original, de US$ 16,2 bilhões. O LVMH comunicou que o novo pacto “modifica certos termos do acordo inicial para refletir um preço de compra de US$ 131,50 (por ação) em dinheiro e a fim de reduzir a condicionalidade de fechamento”.

Venda da Tiffany & Co. foi outro assunto muito comentado em 2020

Em novembro de 2019, foi anunciada a venda da joalheria norte-americana para o grupo LVMH

Com a chegada da pandemia, incertezas e conflitos tomaram conta da união

Agora, o conflito parece estar encerrado. A Tiffany & Co. decidiu aceitar um preço mais baixo, reduzido em cerca de US$ 425 milhões

Arezzo & Co

Enquanto isso, as negociações também tomaram conta do mercado brasileiro. O grupo AR&Co conquistou o título de maior conglomerado de moda em solo tupiniquim, finalizando o ano com o total de 13 marcas em seu portfólio, após a entrada da Reserva.

A partir deste ano, além das marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Fiever, Alme e Vans, a holding Arezzo & Co inclui em seu portfólio as marcas da carioca Reserva. São elas: a própria Reserva, Reserva Mini, Oficina Reserva, Reserva Go, Eva e Ink.

Alexandre Birman é CEO da holding Arezzo & Co
Em agosto, o grupo lançou um e-commerce para marcas próprias e outras grifes

Diante da pandemia do novo coronavírus, o grupo brasileiro Arezzo&Co decidiu mudar as estratégias e operações em solo norte-americano, fechando quatro lojas nos EUA

Em novembro, Marina Ruy Barbosa assumiu a direção de moda do marketplace ZZ Mall

Grife NV

Além dos milhares de likes no Instagram, a influencer Nati Vozza aproveitou o sucesso nas redes sociais para realizar seu desejo de se tornar empresária. Foi em 2009 que a NV tomou forma, como um complemento ao blog glam4you.com.

Considerada a primeira grande marca brasileira nativa digital, a etiqueta cresceu ao longo dos anos. Em 2019, o faturamento anual da etiqueta conquistou o patamar dos R$ 100 milhões.

Em outubro, a marca anunciou que, mesmo com o cenário incerto provocado pela pandemia, a expectativa era chegar aos R$ 170 milhões. No mesmo período, um comunicado oficial noticiou que a grife se juntou ao grupo brasileiro Soma, detentor das marcas Animale, Farm, Fábula, A.Brand, Foxton, Cris Barros, Off Premium e Maria Filó.

Antônio Junqueira e Natalia Vozza são os fundadores da marca de moda NV
A grife foi vendida e integra o portfólio do Grupo Soma
A NV foi fundada em 2009
O pagamento aos sócios-fundadores, que passarão a integrar o bloco de controle do Grupo Soma, será em dinheiro e ações

Supreme

Outra notícia que movimentou o mercado de streetwear foi a venda da Supreme, que será arrematada pela VF Corp., dona da Vans e da Timberland, por US$ 2,1 bilhões. Espera-se que a transação seja finalizada ainda em 2020.

“O VF é o administrador ideal para homenagear a herança autêntica desta marca de estilo de vida cultural, ao mesmo tempo em que oferece a oportunidade de alavancar nossa escala e experiência para permitir o crescimento sustentável a longo prazo”, compartilhou Steve Rendle, CEO, chairman e presidente da VF Corp., em comunicado. Segundo ele, a aquisição da marca se torna mais uma validação da visão e estratégia do grupo, crescendo seu portfólio de labels.

A Supreme está sendo negociada pela VF Corporation
A empresa detém marcas como Vans, Timberland e The North Face
A aquisição deve ser concluída até o final deste ano

Moncler

Ainda em dezembro, a Moncler aproveitou o restante do ano para iniciar as negociações de compra da sua concorrente Stone Island. A transição equivale a 100% da marca, avaliada em US$ 1,4 bilhão. Em comunicado, a etiqueta de luxo pontuou que espera a finalização dos negócios no primeiro semestre de 2021.

Também no pronunciamento, a Moncler afirmou que as duas grifes continuam caminhando separadas e de forma autônoma, com foco nos mercados americano e asiático, além de ampliar seus canais diretos ao consumidor para o novo cliente de luxo e avançar ainda mais no quesito sustentabilidade.

A etiqueta de luxo Moncler anunciou, em dezembro, sua nova aquisição
A marca iniciou o processo de compra da concorrente Stone Island
O valor da movimentação gira em torno de US$ 1,4 bilhão

Espera-se que o negócio seja fechado no primeiro semestre de 2021
Colaborou Sabrina Pessoa ILCA MARIA ESTEVÃO.. Leia mais em metropole 29/12/2020

Loja Victoria´s Secret