Empresas querem comprar a fatia que ainda não possuem, segundo duas pessoas próximas da negociação

A Votorantim Participações SA e a Camargo Corrêa SA estão em negociação para comprar a fatia da Cimpor-Cimentos de Portugal SGPS SA que ainda não possuem, disseram duas pessoas a par da transação.

A Camargo Corrêa quer a operação brasileira da Cimpor, enquanto a Votorantim ficaria com os ativos da empresa portuguesa fora do País, disse uma das pessoas, que pediu anonimato porque a operação é privada. Juntas, as duas empresas brasileiras detêm 54 por cento da Cimpor, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O valor da participação que a Camargo e a Votorantim ainda não detêm na empresa portuguesa é de 1,5 bilhão de euros (US$ 2,1 bilhões), segundo o preço de fechamento da Cimpor ontem. A Votorantim e a Camargo assumiram o controle da empresa portuguesa em fevereiro em 2010, após derrotarem oferta da Cia. Siderúrgica Nacional SA.

As ações da Cimpor chegaram a subir 7,1 por cento em Lisboa hoje. Os papéis operavam em alta de 4,2 por cento, para 5,20 euros às 9:24. Até ontem, a Cimpor acumulava perda de 1,6 por cento no ano, comparado a 21 por cento de baixa do índice PSI- 20.

“Os investidores que tem ações da Cimpor estão à espera de uma subida de preço se houver uma oferta pública e quem não tem Cimpor vai querer comprar algumas ações,” disse Juan Dieste, operador da Orey iTrade em Lisboa.

Maiores acionistas

Os maiores acionistas da Cimpor, depois da Camargo Corrêa e Votorantim, são Manuel Fino SGPS SA com 10,7 por cento, o fundo de pensão dos funcionários do Banco Comercial Português com 10 por cento, e a Caixa Geral de Depósitos com 9,6 por cento, segundo os dados da Bloomberg.

Em fevereiro, a Secretaria de Acompanhamento Econômico, o braço antitruste do Ministério da Fazenda, recomendou que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovasse a aquisição da Cimpor feita pela Votorantim e pela Camargo Corrêa com restrições que incluíam a venda de alguns ativos.

As negociações com os acionistas da Cimpor podem não avançar e não há certeza que uma operação será fechada.

Mafalda Correia, assessora de imprensa da Cimpor, disse que a empresa não comenta estratégias dos acionistas. A Votorantim também se negou a comentar, segundo sua assessoria de imprensa. A Camargo Corrêa não retornou imediatamente ligações e e-mails da Bloomberg.
Fonte:exame20/10/2011