Um sistema de atendimento que já existia há muito tempo com características beneficentes ou assistenciais, as chamadas clínicas populares agora têm a lucratividade como meta. O alvo é o público que não quer ficar à mercê do Sistema Único de Saúde (SUS), mas não consegue arcar com o custo de um plano de saúde.

Esse mercado vem sendo potencializado pela crise econômica que somente entre maio de 2015 e maio de 2016 afastou mais de 1,4 milhão de pessoas dos planos, reduzindo seu universo de usuários em 2,8%, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp), Yussif Ali Mere Júnior, disse que o principal responsável pela expansão desse mercado não é exatamente a crise, mas o fato de a saúde ser cada vez mais dispendiosa. “É um problema mundial, temos que saber fazer o melhor com o que temos”, argumentou. Ali Mere é um dos mentores da Rede Integra, criada no começo deste semestre com o apoio do Sindhosp.

A Rede é integrada inicialmente por 55 clínicas da capital paulista e da região do ABC com o objetivo de oferecer consultas a preços que ficam entre R$ 90 (especialidades médicas) e R$ 120 (subespecialidades). Segundo a presidente da Rede, Vivian Nascimento, o objetivo é começar com clínicas e incluir exames a partir de fevereiro e, em uma terceira etapa, ainda sem prazo definido, incluir hospitais. O pulo do gato é uma plataforma comum de agendamentos e de arquivamento do histórico de cada paciente. Vivian disse ainda que a Integra pretende se expandir para todo o Estado de São Paulo e outros Estados.

Enquanto a Integra está fase inicial, outras redes estão em plena atividade, entre elas a Dr. Consulta, com cerca de 50 clínicas na capital, ABC e litoral paulista e que promete consulta para o mesmo dia. Entre outras redes em atividade há algumas que se expandiram a partir de experiências bemsucedidas iniciadas em cidades médias do interior, como a Acesso Saúde, criada em Colombo (PR), e a Medic Mais, nascida em Patos de Minas (MG), em 2014. Ambas operam por sistemas de franquia.

A partir de Colombo, município da Grande Curitiba onde surgiu em 2006, a Acesso Saúde se espalhou e está presente em dez unidades da federação, segundo Antonio Carlos Brasil, fundador e presidente da empresa. A meta era alcançar 50 unidades este ano, mas atualmente são 41. A empresa fechará 2017 com um faturamento total de R$ 40 milhões (foram R$ 26 milhões em 2016) e planeja crescer 25% no próximo ano, para R$ 50 milhões. Os preços das consultas partem de R$ 73.

A Medic Mais fatura mais de R$ 250 mil por mês em Patos de Minas, segundo seu presidente, David Pinto. As consultas custam a partir de R$ 80 e a empresa pretende fechar 2017 com 40 unidades franqueadas e dobrar esse número em 2018. Pinto disse que o sistema de franquia está apenas começando na área de saúde e que por isso ele vê “excelentes perspectivas” de crescimento para os próximos anos. Fonte: Valor Econômico Autor: Chico Santos Leia mais em tudofarma 27/11/2017