De olho em um mercado de US$ 280 bilhões, a startup de seguros automotivos, que já captou US$ 293 milhões desde a sua fundação, em 2011, deve ser a próxima empresa a chegar à bolsa americana por meio da associação com uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC)

Nos últimos meses, as joint ventures com Special Purpose Acquisition Companies (SPAC), também conhecidas como “empresas de cheque em branco”, têm sido o atalho escolhido por fabricantes de carros elétricos para chegar às bolsas de valores nos Estados Unidos. Nikola, Fisker e Lordstown são algumas das montadoras que seguiram esse percurso.

Agora, é a vez das companhias de seguros automotivos trilharem o mesmo caminho. Esse é o caso da Metromile, insurtech que deve ser a próxima a estrear na Nasdaq por meio desse modelo, sob o ticket “MLE”.

Quem pede passagem para levar a novata ao mercado é a Insu Acquisition Corp II., um veículo de aquisição especial estruturado pelo fundo Cohen & Co, que levantou US$ 230 milhões em setembro para “caçar” uma boa oportunidade no mercado de seguros.

Quando essa joint venture receber o sinal verde dos reguladores e for concluída, a expectativa é que a Metromile alcance um valor de mercado de US$ 1,3 bilhão. Quem está otimista com a performance da startup é o capitalista de risco Chamath Palihapitiya, CEO do fundo de venture capital Social Capital.

Em seu Twitter, o empresário escreveu: “(Warren) Buffet tem a Geico. Eu escolho a Metromile”. O Social Capital lidera um grupo de investidores que se comprometeu a investir US$ 160 milhões em uma compra privada de ações ordinárias Classe A da Insu II.

Palihapitiya baseia sua aposta no fato de que a companhia, diferentemente das concorrentes Lemonade e Roots, já tem uma operação lucrativa e uma taxa maior de retenção de clientes. Ao fim de um ciclo anual, a Metromile retém 63% de seus usuários, enquanto na Lemonade, esse índice é de 62%, e, na Roots, de apenas 33%.

O sucesso da plataforma está relacionado ao seu modelo de negócios, colocado em prática a partir de 2011. Com a Metromile, os segurados pagam uma taxa fixa, de US$ 29, e poucos centavos por quilômetro rodado, com o limite máximo cobrado de 400 quilômetros por dia.

De acordo com a empresa, mais de 124 milhões de americanos são considerados “motoristas de baixa-quilometragem”. Ou seja, dirigem menos de 16 mil km por ano. As seguradoras tradicionais estipulam preços cheios para todos os clientes.

Ao calcular seus contratos de maneira personalizada, a Metromile garante que traz até 47% de economia aos usuários. “Os motoristas poupam, em média, US$ 741 por ano quando mudam para a Metromile”, afirmou a empresa, em nota enviada ao NeoFeed.

Para ter precisão na cobrança, a companhia instala um pequeno dispositivo GPS nos veículos segurados e registra automaticamente e remotamente os quilômetros percorridos.

Além de serem “rastreados”, os usuários têm acesso a alguns recursos tecnológicos, como alertas em dias de limpezas de rua, para evitar multas; status do gasto de combustível de cada carro; e até a localização do veículo em caso de furto ou roubo. A empresa afirma que consegue encontrar um carro em 92% das vezes.

Todos esses apelos são atrativos sobretudo para os motoristas mais jovens. Cerca de 49% dos clientes da startup são millennials (nascidos entre 1980 e 1995) ou mais novos. Outros 23% são da geração X (1965 – 1980) e 28%, boomers (1945-1965) ou mais velhos.

A Metromile emprega mais de 230 pessoas em todo território americano, e antes de escolher essa via para chegar à bolsa, levantou US$ 293 milhões em investimentos com fundos como Tokio Marine Holdings, Mitsui&Co, Future Fund, Index Ventures e China Pacific Insurance.

Segundo a companhia, sua receita anual recorrente ultrapassa US$ 100 milhões, mas as perspectivas são “infinitas”, uma vez que ela se propõe a liderar a disrupção de um mercado avaliado em US$ 280 bilhões.

“A indústria de seguros está há décadas sem mudanças”, explica a Metromile, fundada e liderada pelo jovem Dan Preston, que começou sua carreira como engenheiro de software do Google. Empreendedor em série, essa é a segunda aposta do americano.

Em 2011, ele fundou a AisleBuyer, um assistente de compras virtual vendido em abril de 2012 para a plataforma de pagamentos Intuit, por um valor não divulgado. “Meu foco está em companhias que podem usar com sucesso o machine learning e estatísticas para criarem bons produtos”, resume Preston em seu perfil no LinkedIn… Leia mais em NeoFeed 24/11/2020