Apesar da escalada da taxa básica de juros, que terminou o ciclo de alta a 13,75% ao ano, o mercado de crédito continua aquecido. A carteira total dos bancos cresceu 1,6% em agosto e superou R$ 5 trilhões, conforme divulgado pelo Banco Central ontem, e, em 12 meses, o estoque cresceu 16,8%. Embora a inadimplência média tenha ficado estável em 2,8% no mês, para pessoas físicas no crédito livre, aquele que não tem taxas subsidiadas pelo governo, manteve trajetória de crescimento e alcançou 5,60%, maior percentual desde maio de 2020, quando atingiu seu pico em meio à pandemia.

O endividamento das famílias, por sua vez, bateu novo recorde e alcançou 53,1% em julho, elevação de 0,3 ponto percentual no mês e de 5,1 pontos em 12 meses. O percentual é calculado pelo BC desde janeiro de 2005 e considera o estoque dos financiamentos das famílias com relação à renda em 12 meses. Já o comprometimento de renda, que mede quanto do ganho mensal é gasto com parcelas de empréstimos, alcançou 28,6%, com alta de 0,5% no mês e 3,8% em 12 meses. Como o número considera dados preliminares, há defasagem de um mês em sua divulgação, por isso, o último dado disponível é o de julho.

Crédito segue aquecido apesar de escalada dos juros

Para analistas, apesar de o crédito seguir forte mesmo com a elevação da Selic ao longo dos últimos meses, a qualidade dos ativos é o grande ponto de atenção. O Citi aponta que a inadimplência nos bancos privados subiu mais (0,2 ponto porcentual entre junho e agosto), “indicando que ainda não há um alívio” na qualidade dos ativos. “No geral, embora vejamos o aumento dos spreads potencialmente compensando a inadimplência mais alta, acreditamos que os investidores estão mais focados na inadimplência, e os dados de agosto não trazem alívio.”.. leia mais em Valor Econômico 29/09/2022