Plano de Benjamin Steinbruch é dar mais robustez para a cimenteira, sexta do país em capacidade, até com uma aquisição, antes de levá-la à Bolsa

Grande aposta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na diversificação de negócios, a CSN Cimentos S.A. começa a operar hoje como uma empresa independente. Até agora era uma divisão da siderúrgica – companhia-âncora do grupo comandado pelo empresário Benjamin Steinbruch. É o primeiro passo da cimenteira para fazer uma oferta futura de ações na B3, seguindo a trilha da CSN Mineração, de minério de ferro.

Cimento CSN

Steinbruch, após longo um tempo, aderiu a esse caminho, seguido por dezenas de empresas locais – levantar dinheiro no mercado de capitais ao invés de se endividar para sustentar expansões e novas frentes de negócios.

No dia 18, está prevista a estreia da CSN Mineração no nível 2 da B3. A precificação da oferta para US$ 1 bilhão, entre primária (30%) e venda de ações de CSN e seus sócios, está marcada para dia 12. A depender do preço, a nova companhia chega à Bolsa com valor de mercado de R$ 63 bilhões.

Com isso, a CSN consolida em seu caixa R$ 5,4 bilhões, ao câmbio atual. O valor ajuda a baixar a dívida líquida que era de R$ 30 bilhões no fim de setembro. Com alta geração de caixa da área de mineração, esse valor deve ter ficado em R$ 25 bilhões no fim de 2020 e a previsão do empresário é chegar a R$ 15 bilhões no fim de 2021.

Não há ainda definição de prazo para o IPO da CSN Cimentos. A avaliação dentro da CSN é que o setor cimenteiro, após anos de sofrência (2015-2019), vai se manter com consumo forte no país nos próximos anos, puxado por obras de infraestrutura e expansão imobiliária. No ano passado, com o auxílio emergencial do governo na pandemia, lançamentos imobiliários e demanda da autoconstrução, houve alta de 11% nas vendas de cimento no país, no total de 60,8 milhões de toneladas.

Isso não vai se repetir neste ano. A previsão do SNIC, entidade que representa o setor no país, é de 1%. Há empresas do setor que estimam até 2%. No entanto, a CSN foge à regra: projeta 6,5%, conforme apresentação a analistas e investidores no fim de 2020.

Nos cálculos da CSN, o consumo alcançará 64,7 milhões de toneladas neste ano e ela projeta 84 milhões de toneladas em 2025 – aumento de 30%. Ao mesmo tempo, vislumbra nesse período uma intensa consolidação de ativos do setor, que reúne 24 grupos fabricantes – nacionais e estrangeiros, desde pequenas a grandes empresas.

A direção da CSN vê um grande espaço para sua cimenteira se tornar um grande negócio, tanto por expansão orgânica como por aquisições de concorrentes. Uma fonte próxima da empresa disse que se avalia oportunidades de compra de ao menos um ativo antes de levar a empresa para a B3, de forma a torná-la mais robusta.

Com capacidade de fazer 4,7 milhões de toneladas ao ano, a empresa previa vendas de 4,1 milhões de toneladas em 2020, garantindo participação de mercado de 14% no Sudeste. Com esse porte, já é a sexta maior cimenteira do país.

As duas fábricas ficam em Volta Redonda (RJ) e Arcos (MG) e contam com a vantagem de disporem de duas matérias-primas essenciais ao negócio – escória (subproduto do aço) gerada na usina siderúrgica em Volta Redonda e jazidas de calcário em Arcos.

A cimenteira que surge independente, reunindo esses ativos, tem planos de montar mais três fábricas: no Pará, Sergipe e Paraná. Além disso, prevê uma expansão na unidade de Arcos. Esse pacote lhe renderia capacidade adicional de 8,6 milhões de toneladas. Assim, praticamente triplica de tamanho, com 13,3 milhões de toneladas ao ano. A CSN não informou quanto terá de investir para atingir esse patamar. Não é pouco.

A empresa vai equilibrar investimento com oportunidade de aquisição. Uma ou outra dessas novas fábricas pode ficar em segundo plano se surgir um ativo que faça sentido ser adquirido, principalmente fora do Sudeste.

Atualmente, a líder no país, em capacidade e vendas, é a Votorantim Cimentos. A seguir, à frente de CSN, estão InterCement, LafargeHolcim, Buzzi / Brennand e Mizu. FONTE: Valor Econômico Leia mais em brainmarket. 21/01/2021