A Surf Telecom, uma operadora virtual que presta serviços de telefonia celular a empresas como Correios, Uber, Bmg e Pernambucanas, diz que vai participar do leilão 5G e está construindo sua rede própria. Em busca de recursos, quer retomar planos de abrir o capital. Antes disso, terá de resolver a briga com a Plintron Holdings. Entenda a disputa

A Surf Telecom contava com 637 mil assinantes em março de 2021

No ano passado, a Surf Telecom, uma operadora móvel virtual (MVNO, da sigla em inglês) que presta serviços de telefonia celular para outras empresas e provedores de internet no modelo white label, caminhava para uma abertura de capital no exterior.

O objetivo era buscar recursos, estimados na ordem de US$ 200 milhões na época (atualmente mais de R$ 1 bilhão), para reforçar seu braço financeiro (a Surf Fintech), bem como crescer sua operação tradicional de telefonia celular, que presta serviços para Correios, Uber e Pernambucanas, entre diversos outros varejistas, e até para times de futebol.

Mas uma briga com a Plintron Holdings, dona de 40% das ações preferenciais da companhia, barrou o processo de se tornar uma empresa pública. A sócia foi à Justiça para impedir a abertura de capital e conseguiu uma liminar interrompendo o processo. Em resumo, a empresa alega que o IPO era uma estratégia para diluir sua participação e, assim, impedir que assumisse o controle da empresa.

Agora, a Surf está tentando retomar o processo de abertura de capital em meio a uma série de incertezas e briga com seu sócio. “Em relação a abertura de capital, o processo é iminente e não será aqui na B3”, disse ao NeoFeed Alexandre Pieroni, sócio da Surf Telecom e COO da operação fundada por Yon Moreira, ex-vice-presidente da antiga Brasil Telecom.

Pieroni não quis dar mais informações de como pretende levar adiante a abertura de capital, afirmando que isso vai acontecer no momento adequado. Mas o NeoFeed apurou que há duas estratégias em curso. A primeira é derrubar a liminar conseguida pela Plintron Holdings que impede o IPO. A segunda é se tornar uma empresa pública via uma holding nas Ilhas Caymann, a Surf Group Holdings Limited, que controla indiretamente a Surf Telecom no Brasil, e fazer a listagem nos Estados Unidos.

Em nenhuma delas, o caminho será fácil. De acordo com um profissional de um banco de investimento, que assessorou dezenas de IPOs no mercado brasileiro nos últimos anos, sem resolver a disputa com a Plintron Holdings, será difícil conseguir que os investidores apostem na companhia. “Se não resolver essa disputa, ela terá dificuldades de enfrentar o mercado”, diz essa fonte.

A Plintron Holdings pagou US$ 4 milhões por uma fatia de 40% da Surf Telecom em outubro de 2016. Pelo acordo, a companhia, que tem sede em Cingapura, se comprometeu a realizar quase US$ 15 milhões de investimentos.

Com esse aporte, ela poderia converter as ações preferenciais em ordinárias, além de ter a opção de comprar mais 20%, assumindo o controle da empresa no Brasil. Dona de uma solução de computação em nuvem que permite criar operadoras virtuais, justamente o negócio da Surf Telecom, a Plintron Holdings opera em 25 países… leia mais em neofeed 07/06/2021