Há 26 anos, dois irmãos se organizaram para perseguir um sonho. Queriam atender a um mercado incipiente, o de análises de solo, com a prestação de serviços a produtores rurais do interior goiano que precisavam mandar amostras à capital, Goiânia, ou ainda mais longe. Conseguiram um financiamento de R$ 7 mil com o Banco do Estado de Goiás (BEG) e, enquanto um se dirigia até Maringá (PR) atrás de equipamentos, outro ficou em Jataí (GO) para procurar uma casa, na qual instalariam um laboratório de análise, numa pequena cozinha.

Começava ali, com mais dois irmãos, a Exata Brasil, que hoje tem capacidade para processar 7,5 mil amostras por dia, emprega 140 pessoas em quatro Estados e fatura R$ 13 milhões.

Agora, um novo sonho bateu à porta. Adquirida pelo Aqua Capital – fundo especializado em comprar fatias de empresas do agronegócio -, na semana passada, após um ano de negociações, a Exata deve se tornar a plataforma do fundo para consolidar negócios nos segmentos de análise de solo e agricultura regenerativa em larga escala. Com a compra de 60% da Exata por valores não revelados, o Aqua pretende investir R$ 100 milhões nessa nova frente de negócios nos próximos três anos.

Empresa criada na cozinha de casa vai receber aporte

“O mercado de análise de solo é bastante fragmentado no Brasil, formado por empresas familiares e regionais”, diz Carlos Brait, presidente da Exata. “Queremos fazer com que o grupo possa atingir todo o País e a América Latina, com serviço padronizado de alta qualidade.”

O Aqua tem experiência nesse tipo de consolidação. Com R$ 5,5 bilhões sob gestão, o fundo foi o responsável pela criação da Agrogalaxy, uma das maiores plataformas de venda de produtos agrícolas do País.

Após juntar sob a mesma bandeira vários varejistas regionais, adquiridos ao longo dos últimos anos, o Aqua montou a rede que faturou R$ 11,6 bilhões no ano passado e vale pouco mais de R$ 700 milhões em Bolsa.

Para comandar o projeto, o fundo trouxe Marcelo Marzola, que criou a empresa de tecnologia Predicta e esteve à frente da empresa de agricultura regenerativa em larga escala Rizoma Agro, com Pedro Paulo Diniz e Fábio Sakamoto.

“Com as condições mais difíceis e severas de clima e pragas que temos visto, ficou claro que a única forma de mitigar esses efeitos é trabalhar com a natureza na busca de soluções”, diz Marzola. “A agricultura fortemente química das últimas décadas, que teve seu momento, valor e importância, precisa ser aprimorada e só com dados e soluções de precisão conseguiremos atender a essas necessidades.”

Hoje, a Exata faz testes de fertilidade de solo, elementos tóxicos, carbono, saturação, nematoides e bioanálises. A empresa também presta serviços para a indústria farmacêutica e outras que precisem de análise de micropartículas….. leia mais em Época Negócios 09/10/2023