O Leawind, fundo de investimento da gestora K Fund dedicado a startups em fase avançada de crescimento, acaba de concluir sua captação com um total de US$ 250 milhões. O veículo da firma espanhola tem um recorte geográfico incomum: é dedicado a investimentos na Europa, principalmente na região sul, e na América Latina. É o maior veículo espanhol de venture capital voltado a esse segmento de startups.

A K Fund já havia feito um primeiro closing no ano passado, de US$ 150 milhões, com investimento âncora da Telefónica e outros cotistas como o grupo financeiro BBVA e o Fond-ICO Next Tech, fundo de fomento espanhol para inovação, que depois aumentou seu comprometimento a até US$ 100 milhões.

Num cenário desafiador para captações, a gestora conseguiu atrair novos cotistas nos últimos meses e ultrapassar o alvo de US$ 200 milhões para o veículo de “growth”. Entraram cotistas como a cervejaria espanhola Estrella Galicia, a seguradora Catalana Occidente, e o grupo de educação Proeduca Summa.

Leadwind levanta US$ 250 milhões

À frente gestão do Leadwind estão o espanhol Miguel Arias e o brasileiro Gustavo Ribas, sócios da K Fund. A expectativa inicial era fechar o fundo em maio, mas o período de captação foi um pouco mais extenso. “Tínhamos previsto um ano para captação, mas ainda assim 18 meses é um prazo bem razoável, nesse contexto de venture capital e também com cotistas que precisavam de mais prazo para cumprir seus protocolos de investimento”, diz Arias.

A presença de diversas companhias como cotistas é estratégica nessa fase de investimento, avaliam os gestores. “Numa fase muito inicial, um aporte corporativo pode matar a empresa se o negócio ainda não estiver muito bem formatado ou precisar de velocidade, enquanto na fase de growth é estratégico para dar escala, abrir canais de distribuição. Agrega muito valor”, diz Ribas.

Ele avalia que, nas primeiras ondas de startups latino-americanas, os empreendedores estavam mais voltados à distribuição e não a produtos – o que fazia com que o componente de fato tecnológico surgisse com o desenvolvimento de porte da startup. Hoje, isso mudou. “Por sofisticação do mercado, amadurecimento do ecossistema e também dos talentos, que agregam experiências internacionais ou com seus próprios empreendimentos anteriores”, emenda Arias.

Uma das teses do fundo é buscar startups com inteligência artificial embedada para transformar o negócio em plataforma global. Arias conta que acabara de encontrar um empreendedor que alimentou seu algoritmo de IA generativa com postagens do espanhol – e assim ensaiou o pitch ao gestor. “Há um novo paradigma tecnológico”, diz ele. A tecnologia e foco em produto ajuda a tornar a companhia global, o que também abre mais possibilidade de saída para os investidores de venture capital.

Depois de analisar um universo de 300 startups, o fundo já fez cinco investimentos. O primeiro no Brasil, e por enquanto único da carteira do Leadwind em América Latina, foi feito em maio. O fundo entrou na rodada de US$ 60 milhões da Digibee, liderada pelo Goldman Sachs. A startup brasileira é uma das mais fortes em integração de softwares naAmérica Latina.

“A Digibee é um ótimo exemplo de companhia que podemos ajudar nessa ponte com a Europa. A companhia já é relevante na região de origem, começou a crescer nos Estados Unidos, onde o Goldman pode ajudar a alavancar, e a gente apoia essa expansão europeia”, diz Ribas.

A gestora até fez outro aporte na região este ano, mas por meio do fundo de early stage. Entrou na rodada seed da fintech Lend, que contou ainda com a16z, Canary e Supera Capital.

Já no Leadwind, os outros quatro investimentos foram nas espanholas Voicemod, de software de voz, Quibim, plataforma de IA para medicina de precisão, a Factorial, unicórnio de RH para PMEs, e nFlux, plataforma de IA para indústria. As startups baseadas em Valencia, Madri e Barcelona.

Cerca de 15% do fundo já foi aplicado, com tíquete médio inicial entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões, parte de rounds na casa de US$ 50 milhões das startups alvo. leia mais em Pipeline 08/10/2023