O frigorífico Rio Branco Alimentos, dono da marca mineira Pif Paf, reengajou seus assessores financeiros para atrair um investidor para sua operação, pressionado com sua estrutura financeira, apurou o Valor. A G5 Partners tem o mandato para reestruturar o grupo, o que pode envolver também a venda da companhia ou de unidades de negócios, segundo fontes. A Pif Paf já está em busca de uma forma de capitalização já há algum tempo.

Há cinco anos, iniciou um processo de apresentação de seus negócios a investidores, especialmente os fundos de private equity, que são especializados em compra de participação de empresas.

Em 2021, a companhia deu início ao processo de abertura de capital na Bolsa brasileira, chegando a fazer o primeiro registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Porém, a operação não foi adiante em decorrência do aumento da elevada volatilidade do mercado.

Empresas de aves e suínos estão em busca de investidores
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De acordo com uma fonte a par do assunto, os planos da empresa eram usar os recursos levantados no IPO para recompor a estrutura de capital e investir na operação. Com presença no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a companhia conseguiu avançar no mercado externo, sendo que, em 2020, 12% de sua receita bruta já tinha como origem o vendas fora do Brasil.

Em 2020, conforme os dados que constaram no prospecto da oferta que chegou a ser protocolado na CVM, a receita líquida do grupo foi de R$ 2,7 bilhões, com uma margem Ebitda de 8,4%, rentabilidade abaixo da gigante BRF, que é considerada baixa entre analistas que acompanham o setor.

O lucro líquido naquele ano foi de R$ 148 milhões e a dívida líquida de R$ 211 milhões. Em 2021, a receita líquida subiu para R$ 2,86 bilhões. A situação financeira da empresa de alimentos começou a ficar delicada depois da compra, por R$ 300 milhões, da Uniaves – àquela época considerada uma das maiores produtoras de aves do Espírito Santo, afirmou uma fonte próxima à empresa. A intenção era diversificação geográfica, mas o momento da aquisição acabou se virando contra a empresa. “Vieram depois disso dois anos ruins para o setor de aves e o juro subiu”, disse a fonte, que preferiu não se identificar.

Pressionadas pelos altos custos, as empresas de produtoras de proteínas de frango estão passando por dificuldades para renegociar suas dívidas. Foi nesse contexto que a dona da Pif Paf contratou a G5, para sentar com os bancos e buscar um reperfilamento do endividamento. Uma fonte ligada à empresa disse ao Valor que não há intenção de vender a empresa e que as visitas aos investidores são feitas com frequência e que foram mantidas após a tentativa de abertura de capital.

“A empresa continua falando com o mercado e sempre avalia e discute formas de geração de valor”. Uma fonte com conhecimento do assunto afirmou que o grupo chegou a ser oferecido nos últimos meses para a Camil e também para a BRF. No entanto, a companhia não é considerada interessante aos investidores por não ter seus negócios diversificados. No ano passado, o grupo abriu conversas com credores para estruturar suas dívidas. A companhia chegou a entrar com pedido de tutela de urgência para impedir bloqueio de R$ 30 milhões de suas contas pelo China Construction Bank.

Os frigoríficos de pequeno e médio portes estão enfrentando dificuldades nos últimos meses. A GTFoods, que entrou em recuperação judicial em 2016 e saiu do processo em 2020, também está buscando financiamento para suas dívidas e não descarta vender parte de seus ativos, de acordo com fontes ligadas a companhias de reestruturação financeiras de empresas. Ao Valor, a GTFoods informou que não está em tratativas de vender qualquer uma de suas plantas industriais.

“O grupo vem seguindo o planejamento que prevê investimentos para expansão da produção de carne de frango”. A companhia, ainda segundo a nota, está buscando diversificar os negócios. Em 2021, o faturamento bruto encerrou em R$ 3,1 bilhões, informou a GTFoods. …. leia mais em Valor Econômico 08/02/2023