Caso se confirme que os juros ficarão acima de dois dígitos no Brasil por mais tempo, como prevê o mercado em relação às taxas de longo prazo, as empresas começarão a sofrer de maneira mais séria. Se até agora os grandes grupos estão bem estruturados para atravessar o período de dinheiro mais caro, caso essa realidade se estenda por muito tempo eles terão de ser obrigados a vender ativos e cancelar projetos de expansão. A taxa DI para 2028, por exemplo, que mostra como o mercado vê os juros para aquele ano, está sendo negociada acima de 12%. Seriam sete anos de dois dígitos, no indicador que baliza o real custo do crédito para as empresas. Sem a opção de captarem recursos na bolsa ou no mercado de dívida externa – fechados por conta do cenário de inflação, alta de juros e tensão geopolítica no mundo -, a renda fixa (como emissão de dívidas) é um dos poucos caminhos que as empresas têm usado para levantar dinheiro.

Até aqui, as boas empresas têm surfado relativamente bem, mesmo com o salto da Selic de 2% para perto de 14%. Entraram na atual crise com baixo endividamento e uma boa gordura no caixa. Mas as companhias que estão emitindo papéis para levantar recursos no mercado de renda fixa já estão pagando bem mais caro do que no ano passado. Esse custo, no entanto, vem sendo compensado pelo ganho que os investimentos feitos com esse dinheiro ainda proporciona.

Para se ter uma ideia do quanto estão pagando a mais, basta olhar o índice da gestora JGP, que agrega quase 300 debêntures de cerca 153 emissores com rating médio AA e que atualmente mostra um custo de 15%, contra 4,5% em agosto do ano passado.

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