“Existe um ditado haitiano que diz: ‘Após as montanhas, tem mais montanhas’. A jornada do empreendedor é montanha após montanha. A maneira como a pessoa lidera o time para superá-las é a chave do sucesso.” A afirmação de Nana Baffour, CEO, Chairman e Chief Culture Officer da Qintess, durante a live “Como Conquistar um Investidor”, promovida por Pequenas Empresas & Grandes Negócios nesta terça-feira (24/10), sobre o que ele leva em consideração ao avaliar um novo negócio, mostra a importância do fator humano nas negociações de aportes em startups.

Líder de investimentos para Latam do SoftBank, Maria Tereza Azevedo ressaltou que uma das premissas mais importantes ao selecionar investidas é a capacidade do time de atrair e reter talentos, além de levantar capital em rodadas futuras. “A partir daí, olhamos a tese de investimento, o tamanho do mercado, a dor que essa empresa está tentando resolver e como isso tem sido feito em outros mercados. Tentamos realmente estressar o product market fit para aquela empresa, time e mercado”, acrescentou.

A transmissão sobre capital de risco abriu uma série de três encontros que comemoraram o lançamento da lista 100 Startups to Watch 2023, iniciativa de PEGN e Época NEGÓCIOS em parceria com EloGroup e Innovc. A seleção, que elege anualmente as empresas mais promissoras do mercado, foi divulgada na edição de PEGN deste mês. As outras duas lives, nos dias 25 e 26, reuniram investidores e especialistas para debater estratégias de aquisição de clientes e dicas para formar boas equipes.

Fator humano é fundamental para sucesso de startups
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Lívia Faria, gerente da carteira de fundos de seed e venture capital da BNDESPar, reiterou a importância da equipe na análise pré-investimento. “Olhamos quem são as pessoas, o que já fizeram e há quanto tempo trabalham juntos. Isso diz quão comprometidos estão”, disse. Segundo ela, o fator humano é um dos três pontos-chave observados pela instituição, junto com tese do negócio e custos.

Embora a captação de recursos externos colabore para o crescimento, o negócio também deve demonstrar capacidade de se autofinanciar, pontuou Maria Tereza Azevedo. Após um período marcado pela escassez de capital, ela avalia que os investidores estão mais criteriosos, mas que as perspectivas são positivas. “Existem recursos disponíveis para investimentos em todas as fases. Hoje, eu digo com convicção que não há restrição de capital.”

Para quem está no processo de busca e negociação de aportes, o conselho de Juliene Piniano, partner na FM/Derraik, é não abrir mão de uma fatia muito grande da startup para os novos sócios, sobretudo no início. “Os empreendedores têm de manter o controle da empresa até uma rodada série B ou série C”, recomendou.

Atração de talentos

A formação e a retenção das melhores equipes são cruciais para o sucesso de uma startup. Essa foi a opinião das participantes da live “As Pessoas Certas nos Lugares Certos”, transmitida na quinta-feira (26). “Empreender é uma jornada longa e difícil. Ninguém tem todas as competências para construir um negócio sozinho. A grande dica é buscar pessoas com competências e backgrounds complementares aos seus”, afirmou Maria Rita Spina Bueno, fundadora do grupo Mulheres Investidoras-Anjo.

Segundo ela, a diversidade, tema que tem sido cada vez mais discutido, é a chave. “Inovar, que é fundamental para uma startup, é dar uma resposta diferente para um problema real. Respostas diferentes surgem a partir de muitos pontos de vista agregados. Por isso precisamos de diversidade”, disse.

Como investidora, Lívia Brando, sócia e diretora da VOX Capital, diz acompanhar de perto esses dados. “Pedimos métricas a cada três meses para saber o grau de diversidade da empresa e estimular políticas de diversidade e inclusão”, afirmou. Ela destacou, também, a importância desse olhar para o próprio desenvolvimento de soluções. “O mercado consumidor é superdiverso. Como posso ter pessoas muito homogêneas trabalhando para servir esse público?”….. leia mais em Valor Econômico 26/10/2023