A Coletando, fintech que atua com reciclagem em comunidades periféricas, recebeu aporte de R$ 10 milhões. O dinheiro veio da Smartie, fundo de venture capital do Grupo Solví criado em 2020, e será utilizado para expansão e aceleração dos serviços oferecidos pela empresa.

Além do aporte financeiro, a negociação contempla o apoio da Solví com mentoria de especialistas e líderes do grupo, acesso à estrutura tecnológica, experiência de mercado e ao portfólio de clientes.

“Escolhemos a Coletando por ela ser uma startup com um modelo de negócio escalável e com princípios alinhados à sustentabilidade totalmente em sintonia com os valores da Solví, pois é uma empresa que promove a economia circular e gera diversos impactos ambientais e sociais positivos“, afirma Ariane Mayer, head de inovação aberta e sustentabilidade do Grupo Solví.

Desde o lançamento do Smartie, a fintech é a primeira a receber investimento. As outras selecionadas dentro do desafio criado pelo fundo foram contratadas para oferecer os seus serviços à companhia

A Coletando opera com um modelo que alia sustentabilidade à geração de renda e à inclusão social. Ela nasceu em 2008 quando Saulo Ricci decidiu largar a carreira de 15 anos como profissional de tecnologia, sua área de formação, para empreender. A motivação foi o nascimento da filha e a ambição: fazer algo bom para o mundo.

Fintech de coleta de resíduos na periferia capta R$ 10 milhões

Qual é a conexão com a periferia

Criado na Cidade d’Abril, região periférica de São Paulo próxima ao Jaraguá, Ricci cresceu vendo a mãe fazer da coleta de material reciclável uma fonte de renda extra para auxiliar dentro de casa. Quando decidiu empreender e gerar impacto, a reciclagem foi o que falou mais alto.

Para estruturar um modelo de negócios, foi ao Rio de Janeiro, terra natal de parte da família, para conhecer mais de perto a realidade das cooperativas locais, o desafio de coleta nas comunidades, e o dia o dia de quem puxa as carroças pela cidade.

Em 2009, o negócio começou a andar e, em parceria com concessionárias fluminenses, implementou o primeiro projeto com descontos na conta de luz, a partir da entrega de material reciclado nos ecopontos em comunidades, territórios onde as empresas de energia queriam fortalecer os pontos de contato e de comunicação com os moradores.

O formato foi trabalhado por alguns anos, mas os moradores reclamaram da falta de liberdade no uso do dinheiro. A virada no negócio veio em 2020, quando a Coletando virou uma fintech, com a contratação de um sistema de bank as a service. O avanço das tecnologias financeiras permitiu que a empresa colocasse em prática o desejo cultivado desde 2016.

Como funciona o modelo de negócio da Coletando

A reformulação, com a criação de conta digital e cartão de crédito, deu liberdade de uso do dinheiro aos catadores profissionais e demais moradores das comunidades que reciclam os materiais e levam até os espaços da Coletando. Com a conta, eles conseguem:

  • pagar contas
  • realizar saques
  • fazer transações via pix

Além disso, a startup passou a oferecer microcrédito e, com o aporte, o objetivo é ampliar a oferta de serviços no app, agregando planos de saúde e odontológicos mais em conta.

Atualmente, a Coletando tem 12 ecopontos, espaços que são geridos por cooperativas ou por pessoas físicas… leia mais em Exame 28/12/2022