Fintechs e a inclusão financeira
No último mês, duas notícias vindas do universo das fintechs, as startups que desenvolvem produtos financeiros digitais, ganharam a minha atenção.
A primeira foi a divulgação da lista “The Fintech 250”, que elegeu as 250 fintechs mais promissoras do mundo. A seleção, publicada anualmente pela empresa norte-americana de inteligência de mercado CB Insights, trouxe 13 empresas latino-americanas entre os destaques, sendo nove brasileiras.
Após ter seis representantes na edição 2021 da lista, o Brasil ganhou mais três posições na seleção deste ano e confirmou sua liderança entre os países da América Latina. Um avanço considerável em apenas 12 meses.
A segunda notícia foi a divulgação do relatório Transformação Digital na América Latina, publicado pelo fundo de venture capital Atlantico.
Em sua terceira edição, o estudo trouxe, entre outros achados, um recorte sobre as oportunidades à frente, com destaque, claro, para as fintechs.
Tenho um interesse especial por esse mercado e fiquei entusiasmado, embora não surpreso, ao ler nas páginas do relatório que as startups latino-americanas desse setor estão expandindo seu alcance com força total.
Apesar de “jovens”, as fintechs já vivem uma segunda onda por aqui.
A primeira, focada no mercado B2C, foi marcada por uma explosão de neobancos e a inclusão de mais pessoas no sistema bancário.
Somente entre 2012 e 2021, o número de neobancos na América Latina cresceu de seis para 52. E até setembro de 2021, o Nubank, sozinho, havia fornecido o primeiro cartão de crédito ou conta bancária para cerca de cinco milhões de pessoas.
Já a segunda onda, mais recente, foca na inovação B2B e busca atingir os mesmos padrões de disrupção e inclusão conquistados na primeira.
Vale lembrar que dois fatores contribuíram para esse crescimento acelerado do setor: investimento em infraestrutura – é mais fácil criar uma fintech hoje do que há uma década – e a agenda de inovação de Bancos Centrais de diferentes países da Região.
O Banco Central do Brasil, por exemplo, apostou em projetos de Open Banking, Open Finance e em um meio de pagamento instantâneo, o Pix, que é utilizado por mais da metade da população e já é o meio de pagamento digital mais usado no país.
O lançamento do Pix, aliás, foi um dos mais bem sucedidos no mundo. O pagamento instantâneo “Made in Brazil” levou apenas 11 meses para atingir um bilhão de transações por mês, um quarto do tempo que o UPI, meio de pagamento instantâneo da Índia, lançado quatro anos antes, levou para atingir o mesmo número.
O mais interessante nisso tudo? Outras inovações devem surgir da evolução do Pix e do Open Finance. E é aí que as oportunidades – de negócios e de inclusão – se multiplicam…Autor: Mate Pencz Empreendedor húngaro formado em Economia pela Harvard University, é fundador no Brasil das startups Printi e Loft e do fundo de venture capital Canary… leia mais em Valor Investe 25/10/2022