O empreendedor Sylvio de Barros tem uma relação com o mercado automobilístico que já dura quase três décadas. Ele fundou a Webmotors, um dos primeiros classificados online de carros do mercado brasileiro nos primórdios da internet em 1995. Oito anos depois, a operação foi comprada pelo Santander, que vendeu seu controle para o grupo australiano Carsales nesta semana.

Depois, Barros fundou o iCarros com o Itaú, seguindo um modelo semelhante ao que fez sucesso na Webmotors. Deixou a operação em 2017, mas ficou até pouco tempo atrás no conselho, onde tinha um acordo de non-compete.

Barros voltou recentemente ao mercado onde empreendeu por praticamente toda a vida, em 2021, quando criou a zMatch, uma startup que aposta no promissor mercado de carros elétricos em um modelo de clube de assinaturas. Agora, a zMatch está recebendo o seu primeiro investimento institucional.

O aporte de R$ 50 milhões está sendo liderado pelo Revolution, de Marcelo Peano, Jader Rossetto e Marcia Mello, um fundo focado em fintech que tem Jorge Paulo Lemann (com a imagem arranhada por conta da Americanas) e Marcelo Lacerda, ex-Terra e fundador da Magnopus, como LPs (limited partners).

Fundador da Webmotors aposta no carro elétrico
Unsplash

Seguem a rodada o Canary e o IGF Wealth Management (ex-Fractal), assim como investidores-anjo que são entusiastas de carros elétricos e já são usuários do serviço.

Essa indústria deve se transformar e se consolidar”, afirma Barros, ao NeoFeed, sobre os fabricantes de carros elétricos. “É uma aposta na transição energética e no conceito de assinatura de um carro.”

Desde que surgiu, a zMatch operava através de uma parceria com a Movida, que fornecia os carros elétricos para os seus clientes, em um modelo que Barros chama de “asset light”. No caso, a startup ganha uma comissão pela originação do cliente.

Agora, com os recursos, a ideia é começar a comprar uma frota própria de carros elétricos para alugar aos clientes. A meta é ter 50 carros até o fim deste ano. “A minha margem vai aumentar e quero atingir o equilíbrio financeiro em 2023”, afirma o fundador da zMatch. “No modelo ‘asset light’, demoraria mil carros para ser rentável.”

A startup deve manter a parceria com as locadoras de veículos, que devem ser responsáveis por até 300 carros em 2023. A Movida seguirá como a principal parceira. Mas Barros diz que o seu objetivo é competir com essas empresas no longo prazo.

“É o mundo da coopetição, onde competimos e cooperamos”, diz Barros. “O negócio de assinaturas é só um business deles (Movida e Localiza) e eles não atendem o cliente premium.”

Atualmente, a zMatch trabalha com três categorias de carros elétricos (premium, esportivo e compacto) e tem parceria com as principais montadoras que atuam no Brasil, como Audi, BMW, BYD, Chery, Volvo, Mini, Porsche e tantas outras marcas.

O carro que está na foto de abre desta reportagem é um Porsche, que custa a partir de R$ 1 milhão. Dois Tesla fazem parte da frota e são usados em situações específicas pelos clientes.

O foco, neste início, é atender um cliente de nicho e que terá o carro elétrico como segundo ou terceiro carro. E, claro, é capaz de pagar por isso. “Esse é um nicho resiliente de mercado”, afirma Renata Porto, co-CEO da zMatch. “Vamos escalar à medida que a indústria escalar.”

A startup divide os consumidores em três tipos. O primeiro são os earley adopters de carros elétricos. O segundo prefere um modelo híbrido. E, por fim, os curiosos, que usam um veículo à combustão, mas estão começando a testar o elétrico…. leia mais em NeoFeed 09/03/2023