Um dos primeiros veículos de investimento inteiramente dedicados a climate tech no país, o Fundo de Floresta e Clima, da gestora de venture capital KPTL, acaba de atrair um importante cotista estratégico. A ZEG, companhia que opera com descarbonização, vai aportar cerca de R$ 20 milhões até o fim do ano e apoiar a gestora na busca por startups e iniciativas que resolvam questões de clima e meio ambiente com tecnologia avançada.

“A jornada do carbono é um caminho sem volta, vai acontecer, já está em curso, e a gente acredita que o crédito do Brasil é um dos mais estratégicos no mundo hoje”, diz Daniel Rossi, fundador e CEO da ZEG. “O que temos visto é que o Brasil é um lugar super fértil para soluções em biotecnologia, tem muito espaço e o capital vai ser bastante demandado”, reforçou o CEO da KPTL Renato Ramalho, de Nova York, onde participou nos últimos dois dias do Brazil Climate Summit.

Ao todo, o veículo da KPTL pretende investir R$ 200 milhões ao longo dos próximos cinco anos. O Fundo Vale está entre os cotistas, além da Tridon Participações, family office dos fundadores da Jacto, e empresários como Denis e Ilana Minev, das Lojas Bemol, e Marco Riguzzi, acionista da Farmaplast.

Fundo da KPTL para climate tech recebe aporte
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“A chegada da ZEG é super relevante, é um investidor estratégico que traz não só capital, mas conhecimento do mercado e do andamento da agenda climática para ajustar bem o foco da lente”, disse Ramalho. A companhia, controlada pelo grupo Capitale, vai trabalhar na seleção das startups e em uma espécie de mentoria, posterior ao investimento.

O veículo conta ainda com o apoio do BNDES, desde que foi selecionado no projeto de blended finance na categoria de bioeconomia florestal: o banco público divive o risco com a gestora ao arcar com parte das perdas, caso ocorram. Na complexa tarefa de mensuração do impacto, o fundo tem o apoio da consultoria de ESG Resultante.

A Ages Bioactive, que desenvolve compostos bioativos naturais, foi a primeira investida do fundo, em uma rodada de R$ 3 milhões em meados do ano passado. O plano é seguir buscando iniciativas de biotecnologia, restauração e manutenção florestal, transição energética e até agritechs que contribuam para a preservação do equilíbrio no meio ambiente.

“Existe uma série de avanços regulatórios sendo discutidos e que devem destravar oportunidades enormes”, diz ainda Rossi. Entre os avanços destacados pelo executivo, a decisão da UE sobre as fronteiras de crédito de carbono, por exemplo, pode trazer capital estrangeiro ao país. Hoje, só é possível para uma empresa alemã ou francesa compensar a pegada de carbono dentro da região. Enquanto isso, o crédito brasileiro chega a ser 90% mais barato do que o estrangeiro… leia mais em Pipeline 15/09/2023