Fundos não serão principais consolidadores do mercado de ISPs
Droander Martins, CEO da Vispe Capital, explica que a maioria das fusões e aquisições entre o 15 mil ISPs brasileiros está acontecendo de forma discreta, com capital e por iniciativa dos próprios provedores
A maior parte do movimento de consolidação dos provedores regionais de internet ainda acontece abaixo dos radares e não chegam ao conhecimento do mercado. Conforme explicou o CEO da IPV7 e da Vispe Capital, Droander Martins, hoje, 26 no INOVtic 2021 Sul/Sudeste.
De acordo com o executivo, o volume das movimentações é crescente e chegará a bilhões de reais, a maior parte das transações acontece entre os próprios ISPs, sem participação de fundos especializados.
“Nossa tese tem se consolidado. A gente vê muitos fundos, o sucesso dos IPOs. Mas, no fim do dia, a maior parte das negociações que estão acontecendo no setor são dentro do próprio setor”, comentou.
De acordo com Martins, a maioria das vendas e compras ocorre de forma discreta e sem divulgação. A consultoria tem uma lista com 200 ISPs à venda, realiza de uma a duas intermediações por mês.
Dentre os motivos para a alta velocidade da consolidação, o CEO da Megatelecom, Carlos Sedeh, cita a chegada da pandemia que adicionou valor às empresas de internet e tecnologia. Essa situação permitiu maior valorização e circulação de recursos entre ISPs, em especial, no cenário da implantação da 5G no Brasil. O executivo afirmou também que há uma granulação do mercado de ISPs em que uma maior consolidação será natural.
O CEO do grupo ABL e da Nova, Agnaldo Bastos Lopes, também acrescentou que os ISPs estão passando por um processo de profissionalização. “O nascimento deles [ISPs] se dá em grande parte de uma forma mais simples. Não nasce profissional. A partir do momento que se acaba tomando certo tamanho, se não profissionalizar, corre sérios riscos e perde muito o controle”, opina o executivo.
A chegada de tecnologias como 5G, rede neutra e o aumento de players provocou grande movimento no setor. Alguns deles foram de saída, com players que não estavam preparados para o mercado ou obtiveram melhores oportunidades financeiras, outros de expansão por estarem mais preparados para a profissionalização, conforme Lopes.
Droader Martins da Vispe Capital ressaltou que essa profissionalização nem sempre é feita com qualidade. Por isso, muitos IPSs quebram. “Tem muito capital e pouca organização”, resumiu. Ele afirma que logo o bom cenário do mercado irá mudar e que as instituições já não estão disponibilizando tanto crédito para ISPs em meio ao momento de crise econômica, desemprego e desabastecimento mundial.
Agora, ele tem aconselhado seus clientes a optar pelo crescimento orgânico, em vez de fazer empréstimos para grandes operações financeiras. Isso por conta da rápida consolidação do mercado, e a concorrência já não estão mais em pé de igualdade. “Da noite para o dia pode entrar um cara mais forte que tu na sua região.”
REDES NEUTRAS
Martins ainda opinou que as redes neutras poderão servir como estratégia complementar para o ISPs em regiões que já não há espaço para crescer de maneira orgânica. Nesse caso, a solução seria utilizar a rede de outras telcos que já cobrem a área. Porém, o executivo afirmou que as operadoras precisam rever seus preços, “porque quando você vai para a planilha as margens são muito justas, e isso está atrasando o modelo”.
Por sua vez, Agnaldo Bastos Lopes previu que serão poucas empresas serão capazes de ter uma rede neutra operando, pois as estruturas das redes podem não suportar. Por isso, a solução será utilizar a infraestrutura das grandes operadoras.
Ele declarou ainda que o grupo ABL e a Nova desejam tanto ocupar redes de terceiros quanto operar suas própria redes neutras. “Estamos analisando cenários, mas ainda não temos modelo formatado final.” Uma dos empecilhos para a definição de modelos seria finalmente estabelecer o ICMS, que é uma grande variável… leia mais em telesintese 26/10/2021